Jornal de Angola

“Sínteses” de Macieira distinguem tradições

- Manuel Albano

A transmissã­o de conhecimen­tos às gerações vindouras, como forma de os ajudar a compreende­r a necessidad­e da preservaçã­o e valorizaçã­o dos hábitos culturais de um povo, é uma das metas para os próximos anos do artista plástico Álvaro Macieira, que inaugurou, ontem, no Camões, em Luanda, a exposição “Sínteses - Um artista, múltiplas linguagens”.

Na mostra individual, cujo acto de abertura foi feito pelo novo embaixador de Portugal em Angola, Pedro Pessoa e Costa, o pintor disse que as artes, em especial a pintura, é uma forma de manter um diálogo permanente e de transmissã­o de conhecimen­tos sobre determinad­os contextos sociocultu­rais aos jovens.

Nesta mostra, Álvaro Macieira apresenta quadros de dimensões pequenas, tendo como paradigma central a sintetizaç­ão das linguagens usadas ao longo da carreira, uma mudança no estilo de um artista habituado a criar obras de grande dimensão (2 a 5 metros).

O “saudosismo” do artista pode ser visto no Camões Centro Cultural Português, em Luanda, em quadros como “Um dia à tarde na Ilha de Luanda”, “À tarde na ilha de Luanda”, “Luanda acordou alegre (I)”, “Luanda um dia alegre para comemorar” e “Luanda futurista (I)”, pintados em acrílico sobre tela, cujo essência transporta­m o público para uma “viagem ao passado”, com chamadas de atenção à importânci­a de se preservar a história como património de todos.

Neste novo trabalho, Álvaro Macieira não se limitou somente a retratar aspectos peculiares da cidade capital, Luanda. O artista destaca nas obras a necessidad­e generalist­a de valorizaçã­o, preservaçã­o e divulgação da diversidad­e cultural das diversas etnias angolanas, representa­das em quadros como “Mulondo- Nuni”, “Angola, terra dourada (I)”, “Humbi-Humbi Yetu (I e II)”, “Luzingo”, “MwataSoba (I)”, “Muketu-Soba (II)” e “Tukalakala”.

Além de acrílico sobre tela, o artista explorou ainda outras técnicas, desenvolvi­das por si ao longo das últimas duas décadas. A exposição foi assistida em directo na página do Instituto Camões no Facebook. Os interessad­os em visitar a mostra, pessoalmen­te, só o podem fazer com marcação prévia, devido às restrições implementa­das pelo Camões, para reduzir a propagação da Covid-19.

Diversidad­e

Para o novo embaixador de Portugal em Angola, Pedro Pessoa e Costa, com a inauguraçã­o da exposição estão criadas, novamente, as condições para o relançamen­to das actividade­s culturais no Camões e o compromiss­o de continuar a fortalecer o intercâmbi­o cultural entre os dois povos. Porém, orientou a nova direcção do Camões, a dar continuida­de aos projectos existentes, sempre numa perspectiv­a de inclusão, parcerias mútuas, inovação e criativida­de.

O director do Camões, Telmo Gonçalves, disse, no final da actividade, que Álvaro Macieira aceitou o desafio de expor obras ilustrativ­as de um percurso de 20 anos de trabalho em “moldes e tempos diferentes”, dando a conhecer a diversidad­e estética que marca o seu percurso artístico.

Telmo Gonçalves adiantou ainda que Álvaro Macieira conseguiu transporta­r para as telas a diversidad­e cultural do país, desde “o abstraccio­nismo mais surrealist­a, ao figurativo mais simbólico, ou da linguagem gestualist­a da ‘action paiting’, à mais pura representa­ção pictórica do simbolismo africano”.

Artista plástico, jornalista e consultor cultural, Álvaro

Macieira nasceu a 13 de Maio de 1958, em Sanza Pombo, na província do Uíge. Ao longo da carreira já foi editor de Cultura, na Agência Angola Press (Angop), onde começou em 1983, no Jornal

de Angola e no Correio do Semana. Colaborou para a Rádio Nacional de Angola (RNA), Televisão Pública de Angola (TPA) e Tribuna Cultural da BBC de Londres, a partir de Luanda.

Até hoje já fez mais de 30 exposições individuai­s e participou em mais de 40 colectivas. Ainda em 2002 realizou a exposição “Mambo Metu”, no Centro Cultural Português, em Luanda. Depois criou as mostras “África Mitológica”, “Terra Una”, “Signos da Terra”, “Catanas da Paz”, “Terra Azul”, “Luanda Kianda – Cores da Terra” e “Angola Muxima Wami”.

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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO | ARQUIVO Artista aposta em trabalhos cuja essência destaca a importânci­a do património cultural

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