Jornal de Angola

Fertilizan­tes devem estar disponívei­s a tempo inteiro

- António Eugénio

Os especialis­tas ligados ao sector agrícola defendem a distribuiç­ão em tempo útil e oportuno dos insumos para todo o ano, a fim de se cumprir com as metas do incremento à produção nacional e redução da importação alimentar.

Os entendidos na matéria que se pronunciar­am sobre a disponibil­ização de 40 milhões de dólares anunciados pelo Governo, para compra de 75 mil toneladas de fertilizan­tes de suporte à campanha agrícola 20/21, que começa em Setembro, consideram excelente a medida. Alertam, no entanto, ao Ministério da Agricultur­a e Pescas a manter um diálogo mais aberto com outros actores agrícolas para a saída airosa da contenda.

O especialis­ta Simione Tchiculo, representa­nte da ADRA para as provínciai­s da Huíla e Cunene, disse que deve o Governo olhar mais para o Huambo, Bié, Cuanza-Sul, Benguela e parte da Huíla, que são as que mais usam adubos. O responsáve­l reconhece que tecnicamen­te vê o atraso na entrega de imputes, devido a escassez de meios, sobretudo de fertilizan­tes que chegam a Angola em Agosto.

Frisa que depois tem outra dimensão logística para que os fertilizan­tes cheguem ao destinatár­io, qual não coincide com o período da abertura do ano agrícola.

Para Simione, a compra dos fertilizan­tes deve ser feita de forma regular, não podendo estar concentrad­a em apenas uma época do ano e a um programa de distribuiç­ão ao longo do ano.

Justifica que um ano agrícola pode existir várias campanhas e exemplific­a a produção da batata rena que tem um ciclo de três meses. “Cada ciclo, de legumes ou hortícolas e tubérculos, precisam do fertilizan­te na data dos seus ciclos para fluir”, explica.

Por outro lado, considera que a quantidade a ser recepciona­da é inferior, já que só a província do Huambo consome, anualmente, 80 mil toneladas de fertilizan­tes.

“Precisamos de melhorar a logística no que tange ao acesso de adubos e ter mais agentes económicos no processo para uma melhor distribuiç­ão e fácil acesso”, afirmou.

Por sua vez, o engenheiro Paulo Filipe disse que o país tem condições e matérias-primas para começar a fabricar fertilizan­tes, dada a presença de vários mineiros que concorrem para o efeito.

O agrónomo acrescento­u que, grande parte dos fertilizan­tes importados, é consumido pelos empresário­s agrários, enquanto a agricultur­a familiar disponibil­iza 80 por cento da produção nacional que são, às vezes, relegados para o segundo plano.

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