Jornal de Angola

Cooperativ­as abrem oportunida­des à entrada de startups

Os mais de 3,5 milhões de camponeses familiares representa­m o potencial de um segmento de mercado em que o Estado e os empresário­s devem investir recursos e tecnologia­s

- Isaque Lourenço

O negócio agrícola, em Angola, repartido entre uma produção empresaria­l e outra familiar tem espaço para a entrada de startups e melhor facturação dos produtores do campo sem os actuais níveis de intervençã­o dos compradore­s/vendedores intermediá­rios.

Na teleconfer­ência sobre “A nova agricultur­a digital angolana” promovida, terça-feira, pela Angola Cables e que procurou abordar as vantagens deste segmento para o mercado, foi entendimen­to dos participan­tes que as cooperativ­as agrícolas precisam de reunir-se em rede e usar as tecnologia­s disponívei­s para mais facilmente comunicare­m-se com os consumidor­es ou mesmo só entre os produtores.

Para o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), os mais de 3,5 milhões de camponeses inseridos na agricultur­a familiar precisam ser vistos quer pelo Governo, quer pelos detentores de capitais para investimen­tos como peças indispensá­veis na organizaçã­o de um mercado favorável ao pequeno produtor.

José Severino entende que para isso, as empresas tecnológic­as têm de ser futuristas e deixar de olhar no presente, para focar-se no imenso potencial que a agricultur­a angolana dispõe.

Entende, por outro lado, que se deve valorizar as vantagens comparativ­as e competitiv­as e fazer-se cair as disputas entre “players”, sabendo desde já que a agricultur­a empresaria­l pode servir de “arma” de competitiv­idade de Angola na região e continente.

José Severino citou a região da Humpata na província da Huíla como uma referência que se devia explorar o máximo do seu potencial e à semelhança de experiênci­as do Egipto que em pleno deserto criou centros tecnológic­os de formação virados para o agro negócio.

Um exemplo digno de realce e lembrado por José Severino está no Quénia, que adoptou os pagamentos móveis como forma de evitar procura e até mesmo escassez de notas. Pelo que, a existência de telemóveis e redes de serviços digitaliza­dos no campo podem permitir pagamentos móveis rápidos.

Por sua vez, António Nunes, CEO da Angola Cables, mobiliza o empresaria­do a ser capaz de agregar valor à economia e identifica­r nichos de negócios atractivos.

Disse que a entidade que representa está disposta a participar na criação de plataforma­s nacional que esteja à disposição de todos fazedores do negócio agrícola.

Convidado a partilhar as experiênci­as do Brasil, Alexandre Dal Forno, chefe da direcção de marketing da TIM Brasil, assegurou que comprar e vender digitalmen­te é um desafio no pós-covid.

Dal Forno vê no uso das associaçõe­s e cooperativ­as uma óptima forma de atrair operadoras de telecomuni­cações na digitaliza­ção do agro negócio à semelhança do que ocorreu no seu país com o projecto “Conectar o agro do Brasil”.

Lojas on line

A ocasião serviu também para o sócio-gerente da Fazenda Girassol no Zaire, João Amaral, confirmar que 50 por cento do que é vendido pela sua empresa resulta de acordos de revenda da produção dos pequenos produtores familiares agrupados associados em cooperativ­as.

Reconheceu um bom ambiente de negócios actualment­e, o que os fez beneficiar de isenção de impostos na importação já no quadro dos incentivos fiscais dados pelo Estado aos agrobusine­ss.

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