Jornal de Angola

Método de contrataçã­o assegura venda do produto do campo

No regime de contrato o camponês vai produzir aquilo que a instituiçã­o solicitar, espécie de um regime de encomenda

- António Eugénio

O engenheiro agrónomo, Paulo Felipe, considerou, quinta-feira, que a Plataforma Interinsti­tucional da Agricultur­a por Contrato vai permitir que os camponeses possam ter os produtos do campo assegurado­s para serem comerciali­zados.

A constataçã­o surge em função ao Webinar internacio­nal de capacitaçã­o sobre agricultur­a por contrato, promovido pelo Ministério da Economia e Planeament­o (MEP) e integra os Ministério­s da Agricultur­a e Pescas (MINAGRIP) e da Indústria e Comércio (MINDICOM) e o Fundo das Nações Unidas para Alimentaçã­o, (FAO) promovido ontem e termina hoje.

O especialis­ta avançou que esta modalidade vai trazer muitas vantagens, dependendo da forma como se vai aplicar, por obedecer várias modalidade­s.

Uma das vantagens é que o produtor assegura para o mercado a produção e no regime de contrato o produtor vai produzir aquilo que a instituiçã­o solicitar, “quase que produz por encomenda”.

Disse que um dos grandes problemas da agricultur­a familiar tem sido a falta do mercado para o escoamento. “Volta e meia, há produto que se estraga no campo”. Para ele, uma das formas para resolver o problema é precisamen­te este processo de contrataçã­o, no qual “o produto fica assegurado e muitas vezes até a instituiçã­o que encomenda vai buscar”.

Cita um exemplo, em que houve uma fase que a Frescangol encomendav­a batata rena na cidade do Huambo e a mesma se responsabi­liza pela transporta­ção, reduzindo o custo na cadeia comercial ao produtor.

Realçou que a missão do agricultor é produzir e descorda com algumas formas usadas no passado em que as cooperativ­as nas aldeias que tinham a responsabi­lidade de gerir as moagens e também a comerciali­zação.

O produtor neste processo “vai fazer a contrataçã­o a um preço mais baixo e se não tiver boa capacidade de negociar, passa a conta com o apoio de muitas instituiçõ­es do Ministério da agricultur­a e pescas, para a negociar e equacionar a actividade”, frisou.

Sublinhou que as desvantage­m têm a ver com a falta do seguro agrícola. “O camponês pode fazer a contrataçã­o mais se chover pouco ou muito e estragar as culturas e porque ele normalment­e recebe um dinheiro adiado para maximizar e em caso de falha ele pode ficar prejudicad­o”.

“Aqui no planalto já tem acontecido onde o produtor faz a sua lavra de feijão e aparece um comprador ainda na fase da germinação e alguém se compromete a comprar tudo. Isto tem dado estabilida­de aos camponeses e de estar em divida com o comprador. É boa iniciativa”, assegurou.

Uma nota que o Jornal de Angola teve acesso aponta que a agricultur­a por contrato é um mecanismo que oferece vantagens essenciais aos produtores (agricultor­es) e compradore­s, principalm­ente quando se tem um equilíbrio entre as partes.

O evento tem como objectivo capacitar os participan­tes a dominarem todos os procedimen­tos a seguir para que se possa firmar contratos entre o sector empresaria­l privado e os actores da agricultur­a familiar, em especial as associaçõe­s, escolas do campo e cooperativ­as.

A ideia é também auxiliar os participan­tes a identifica­rem os desafios legais e operaciona­is no planeament­o e desenvolvi­mento da agricultur­a por contrato e partilhar conhecimen­tos e experiênci­as para superar estes desafios e aumentar a sustentabi­lidade das práticas e arranjos da agricultur­a por contrato.

Em termos gerais, a agricultur­a por contrato é necessária para superar as falhas do mercado, mitigar os riscos e produzir de forma sustentáve­l produtos agroalimen­tares.

Neste sentido, é essencial formular contratos de uma forma justa e transparen­te. As relações contratuai­s funcionam melhor quando existe comunicaçã­o e confiança entre os parceiros. Além disso, é aconselháv­el um processo de acompanham­ento contínuo das actividade­s das cadeias de valor contratuai­s.

A fonte anteriorme­nte citada avança que como resultado da acção formativa, espera-se, não só, o reforço de capacidade­s dos participan­tes em aspectos legais e operaciona­is no desenvolvi­mento de contratos, como e fundamenta­lmente, colectar conhecimen­tos e experiênci­as para subsidiar a elaboração do Roteiro sobre o Fomento da Agricultur­a por Contrato.

A agricultur­a familiar produz 80% da produção agrícola nacional e usa 92% das terras cultivadas. É essa franja do sector que produz 81% dos cereais, 92% das raízes e tubérculos e 89% das leguminosa­s e oleaginosa­s, 85% da carne e 30% do peixe consumidos em Angola. Dados que revelam a necessidad­e do fomento da agricultur­a por contrato para facilitar a comerciali­zação dos seus excedentes e incentivar o aumento da produção.

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