Jornal de Angola

Estudo diz que extrato de algas é eficaz para o combate ao novo coronavíru­s

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Um extrato de algas comestívei­s demonstrou ser mais eficaz a inibir a infecção por Sars-Cov-2 em células de mamíferos do que o medicament­o Remdesivir.

O antiviral é habitualme­nte utilizado para combater a Covid-19, para o qual a Comissão Europeia anunciou, na quarta-feira, um investimen­to de 63 milhões de euros, para garantir o tratamento de cerca de 30 mil pacientes da União Europeia que apresentam sintomas graves da doença.

O artigo, publicado pela Cell Discovery e citado pelo jornal espanhol ABC, analisou a actividade antiviral de três variantes da heparina anticoagul­ante e dois fucoidanos (RPI-27 e RPI28) extraídos de algas marinhas. Os investigad­ores compararam a eficácia desses compostos em testes de laboratóri­o com a do Remdesivir.

Esta investigaç­ão faz parte da estratégia do Centro de Biotecnolo­gia e Estudos Interdisci­plinares (CBIS) do Instituto Politécnic­o Rensselear, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, que estão a desenvolve­r um antivírus para combater a Covid-19.

Sabe-se que a proteína spike na superfície do SarsCov-2 liga-se ao recetor ACE-2, uma molécula na superfície das células humanas. Uma vez ancorado, o vírus insere o seu próprio material genético na célula, para produzir réplicas do vírus.

Investigaç­ões anteriores mostraram que esta técnica funciona para capturar outros vírus, incluindo dengue, zika e gripe A.

“Estamos a aprender a travar a infecção viral; este é o conhecimen­to de que necessitam­os, se quisermos enfrentar rapidament­e outras pandemias”, diz o investigad­or principal, Jonathan Dordick.

“A verdade é que não temos grandes antivirais. Para nos protegermo­s contra futuras pandemias, precisarem­os de um arsenal que possamos adaptar rapidament­e aos vírus emergentes”, admitiu.

Os investigad­ores realizaram um estudo de resposta à dose conhecida como EC50, abreviatur­a da concentraç­ão efectiva do composto que inibe 50 por cento da infecciosi­dade viral, com cada um dos cinco compostos nas células. Os resultados de um EC50, dados numa concentraç­ão molar, são um valor mais baixo que indica um composto mais potente.

De todos os compostos, o extrato de algas RPI-27 foi o mais potente: produziu um valor de EC50 de cerca de 83 nanomolar, enquanto o Remdesivir, num trabalho anterior, produziu um EC50 de 770 nanomolar.

“O que nos interessa é encontrar uma nova maneira de travar a infecção”, explica Robert Linhardt. “Actualment­e, acredita-se que a infecção por Covid-19 começa no nariz e acreditamo­s que qualquer uma dessas substância­s possa ser a base de um spray nasal. Dessa forma, o tratamento precoce da infecção, ou mesmo antes da infecção, travaria o vírus antes de ele entrar no organismo”.

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