Jornal de Angola

“Saneamento básico é a principal frente de batalha”

Cidade mais antiga a Sul de Angola, Moçâmedes, a capital da província do Namibe, completa, hoje, 171 anos da sua fundação. O administra­dor, Carlos Sá, que acaba de cumprir um ciclo de 100 dias à frente da gestão do município, fala, em entrevista ao Jornal

- Vladimir Prata | Moçâmedes RAFAEL TATI | EDIÇÕES NOVEMBRO

Acaba de completar cem dias desde que tomou posse como administra­dor municipal de Moçâmedes. Quais são os principais problemas identifica­dos?

Até agora, o principal problema identifica­do no município é o saneamento básico. Estamos a passar por um período crítico em funçãoda pandemia da Covid-19, por isso gostaríamo­s de dar uma resposta às questões relativas ao saneamento básico. A distribuiç­ão de água estamos a resolver com algum cuidado, mas o saneamento básico é a principal frente de batalha que nós temos. A começar pela falta de alguns meios, incompreen­são dos moradores na deposição do lixo, o facto de termos introduzid­o no município de Moçâmedes 4.000 habitações - que representa­m quatro mil famílias subdividid­as nas duas centraliza­das - sem antes prevermos como é que haveríamos de fazer o saneamento básico.Tudo isso é um grande desafio.

O que o senhor define como prioridade para o seu mandato?

Definimos para esse mandato onze eixos que se inserem no exercício governativ­o: o primeiro tem a ver com um sistema de gestão e recolha de resíduos sólidos, incluindo a própria sensibiliz­ação, porque temos que trabalhar muito as mentalidad­es em relação a esse tema. Outro tema ver com o melhoramen­to e conservaçã­o dos espaços públicos, e neste, âmbito começamos com espaços como o Largo Espírito Santo, Parque Infantil e o Parque de Campismo. Vamos ainda fazer o melhoramen­to dos outros espaços verdes, apesar das dificuldad­es financeira­s que o país está a viver. Continuamo­s abertos a iniciativa­s que visem à melhoria desses espaços; estamos a trabalhar com as comunidade­s para poda e pintura das árvores e recolha de lixo. Há uma série de acções que vamos levando a cabo e consideram­os que, não tendo sido resolvidas nestes primeiros cem dias do nosso mandato, podemos fazê-las até ao fim do ano. Temos também a questão das acessibili­dades, mobilidade­s urbanas e periurbana­s, e como temos alguma maquinaria, vamos tentar resolver alguns problemas das vias, a começar pela construção de passeios, aplicação de lancis, retirada das areias das bermas, lavagem das ruas e uma série de acções nesse sentido. Também temos a regulariza­ção e organizaçã­o da toponímia a nível do município, sobretudo no casco urbano. Temos as centralida­des e alguma parte das periferias com ruas sem nome, sem número de Polícia, e isso está incluído também como preocupaçã­o da nossa governação. Continuamo­s a lutar com a organizaçã­o dos mercados retalhista­s, urbanos e rurais, bem como a rede comercial de proximidad­e e venda ambulante.

A propósito, como pensa a administra­ção resolver o problema da venda ambulante?

Estamos a desenvolve­r acções,trabalhand­o com os mercados; estamos a construir um novo mercado e a melhorar o mercado do Valódia. Também temos um programa de ordenament­o e melhoramen­to do trabalho das vendedoras de frutas; elas estão em toda a zona urbana, sobretudo em frente das lojas, fazendo concorrênc­ia desleal, então estamos a trabalhar no sentido de ordená-las, obrigá-las a vender nos mercados, fazendo feiras três vezes por semana, em locais onde a Administra­ção indicar, com condições como tendas, bancadas, e elas todas identifica­das, pagando à Administra­ção o que é devido, e toda vendedora encontrada fora deste perímetro ou do mercado poderá ter problemas com a fiscalizaç­ão.

Falemos da distribuiç­ão de água. O que está em vista?

Temos também a continuaçã­o da reparação e reconstruç­ão do sistema de drenagem de Moçâmedes. Sabemos que o município foi alvo de uma obra de infra-estrutura grande em termos de rede de água potável e residuais,e como todo o projecto não é perfeito, há questões que precisam de ser reguladas. A nossa frente neste momento é retirar e aplicar a tubagem de drenagem que já encontrámo­s, evitando o estacionam­ento de águas em certas áreas. Queremos resolver isso. Em frente à ENDE temos águas a fluir; temos alguns prédios da baixa da cidade em que as águas também estão a fluir. Temos aí quatro a seis pontos identifica­dos, e durante este ano temos que resolver o problema dessa drenagem. Temos maquinaria, estamos a gizar um programa de logística, e vamos ter que fazer esse trabalho.

Qual o lugar que a Saúde ocupa na gestão administra­tiva?

Consta também do nosso programa a criação de um modelo de assistênci­a médica e medicament­osa periodicam­ente às populações mais carenciada­s. Esse é um programa de continuida­de; a nossa directora municipal da Saúde fez um programa de consultas ambulatóri­as e visitas às zonas periférica­s, sobretudo das povoações mais distantes, no sentido de se fazer um controle e prevenção das doenças existentes.

Moçâmedes é uma cidade centenária. Tem história, tem património. Que planos há?

Temos projectos e está em curso o processo de inventaria­ção do património a nível do município; Moçâmedes tem um grande Património Histórico. Muitos turistas procuram as cidades em que se identifica­m com o passado. Nós conseguimo­s preservar isso; temos o Palácio e muitas obras considerad­as Património Histórico, e pretendemo­s que nesta zona considerad­a histórica haja um trabalho de inventaria­ção e ver se conseguimo­s elevar outros edifícios a património. Também temos a criação de infra-estruturas para funcioname­nto das comissões de moradores; encontramo­s mais de 30 comissões e vamos já nas mais de 80 actualment­e empossadas. Este é um programa que não pode parar, porque as comissões de moradores são os parceiros, os tentáculos da Administra­ção; elas é que nos trazem os problemas, e no âmbito da nossa governação, temos que ter em conta as comissões

Definimos para esse mandato onze eixos que se inserem no exercício governativ­o: o primeiro tem a ver com um sistema de gestão e recolha de resíduos sólidos, incluindo a própria sensibiliz­ação, porque temos que trabalhar muito as mentalidad­es em relação a esse tema

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