Intérpretes do estilo folclore reclamam por mais incentivos
Classe artística sente-se desolada por não ver as suas criações musicais do estilo tradicional devidamente divulgadas ao longo dos anos, por falta de apoios do Ministério de tutela e do empresariado nacional
A realização regular de festivais regionais nas mais variadas modalidades artísticas podiam servir de fonte para pesquisas com vista a preservação, valorização e enriquecimento do mosaico cultural no país, através de manifestações culturais, presentes nas canções e danças tradicionais, como parte do legado a ser transmitido às gerações vindouras.
Estes festivais devem ter o contributo da sociedade, pesquisadores, historiadores, escritores, entidades tradicionais, classe artística e requer maior atenção do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, por estarem a desaparecer aos poucos as manifestações tradicionais, com o crescente avanço da globalização e das novas tecnologias de informação.
Em declarações, ontem, ao Jornal de Angola, a cantora Namanhonga revelou, na cidade de Saurimo, província da Lunda-Sul, estar preocupada com a falta de programas culturais que ajudem a promover as manifestações culturais locais e monumentos históricos, bem como os costumes, através da realização de festivais regionais.
A Lei do Mecenato, defendeu, tem sido pouco ou nada explorada pelos empresários e agentes culturais locais que possibilitariam criar um movimento cultural e artístico mais amplo e ajudar a promover estilos e ritmos mais tradicionais em todas as regiões do país. “As línguas nacionais precisam ser melhor
divulgadas e a música é um bom suporte para o efeito. Precisamos de políticas que protejam os mais variados estilos musicais tradicionais”.
O país, comentou, é multilinguístico e precisa de explorar melhor as riquezas culturais, através das manifestações artísticas dos povos. “Algumas línguas são mais divulgadas porque os apoios e os grandes projectos são concentrados basicamente na capital do país”. A falta de empresários destemidos na sua terra natal (Moxico) é um sinal claro do pouco interesse pela cultura nacional, lamentou.
A cantora, que tem apostado numa carreira musical na qual
explora os estilos secussa, tchianda, kwassa e kizomba, já está a preparar o segundo disco intitulado “Wenda nó”, prometendo divulgá-lo tãologo termine a Situação de Calamidade Pública e a cerca sanitária na capital do país e no município do Cazengo, na província do Cuanza-Norte.
A cantora desvendou que o seu próximo disco comportará temas cantados nas línguas nacionais luvale, cokwe, lingala e português, com mensagens que retratam o quotidiano angolano, desde aspectos como união familiar e apelo aos jovens a adoptar um comportamento mais digno na sociedade.
Namanhonga disse que recentemente gravou um tema homónimo ao título do novo disco, que é um alerta às pessoas para terem cuidado com os inimigos. Segundo a cantora, “Wenda nó” significa (Anda com eles), interpretado na língua cokwe. “Se tem inimigos deves andar com eles porque só assim saberás quem te quer fazer mal”, conta a artista.
A cantora tem no mercado um disco intitulado “Sambalala”, lançado em 2011. Odeth Patrícia Mbundo, conhecida pelo pseudónimo artístico de Namanhonga, destaca-se no palco pela sua exuberância e extravagância, com a dança no estilo tradicional tchianda.