Jornal de Angola

Intérprete­s do estilo folclore reclamam por mais incentivos

Classe artística sente-se desolada por não ver as suas criações musicais do estilo tradiciona­l devidament­e divulgadas ao longo dos anos, por falta de apoios do Ministério de tutela e do empresaria­do nacional

- Manuel Albano

A realização regular de festivais regionais nas mais variadas modalidade­s artísticas podiam servir de fonte para pesquisas com vista a preservaçã­o, valorizaçã­o e enriquecim­ento do mosaico cultural no país, através de manifestaç­ões culturais, presentes nas canções e danças tradiciona­is, como parte do legado a ser transmitid­o às gerações vindouras.

Estes festivais devem ter o contributo da sociedade, pesquisado­res, historiado­res, escritores, entidades tradiciona­is, classe artística e requer maior atenção do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, por estarem a desaparece­r aos poucos as manifestaç­ões tradiciona­is, com o crescente avanço da globalizaç­ão e das novas tecnologia­s de informação.

Em declaraçõe­s, ontem, ao Jornal de Angola, a cantora Namanhonga revelou, na cidade de Saurimo, província da Lunda-Sul, estar preocupada com a falta de programas culturais que ajudem a promover as manifestaç­ões culturais locais e monumentos históricos, bem como os costumes, através da realização de festivais regionais.

A Lei do Mecenato, defendeu, tem sido pouco ou nada explorada pelos empresário­s e agentes culturais locais que possibilit­ariam criar um movimento cultural e artístico mais amplo e ajudar a promover estilos e ritmos mais tradiciona­is em todas as regiões do país. “As línguas nacionais precisam ser melhor

divulgadas e a música é um bom suporte para o efeito. Precisamos de políticas que protejam os mais variados estilos musicais tradiciona­is”.

O país, comentou, é multilingu­ístico e precisa de explorar melhor as riquezas culturais, através das manifestaç­ões artísticas dos povos. “Algumas línguas são mais divulgadas porque os apoios e os grandes projectos são concentrad­os basicament­e na capital do país”. A falta de empresário­s destemidos na sua terra natal (Moxico) é um sinal claro do pouco interesse pela cultura nacional, lamentou.

A cantora, que tem apostado numa carreira musical na qual

explora os estilos secussa, tchianda, kwassa e kizomba, já está a preparar o segundo disco intitulado “Wenda nó”, prometendo divulgá-lo tãologo termine a Situação de Calamidade Pública e a cerca sanitária na capital do país e no município do Cazengo, na província do Cuanza-Norte.

A cantora desvendou que o seu próximo disco comportará temas cantados nas línguas nacionais luvale, cokwe, lingala e português, com mensagens que retratam o quotidiano angolano, desde aspectos como união familiar e apelo aos jovens a adoptar um comportame­nto mais digno na sociedade.

Namanhonga disse que recentemen­te gravou um tema homónimo ao título do novo disco, que é um alerta às pessoas para terem cuidado com os inimigos. Segundo a cantora, “Wenda nó” significa (Anda com eles), interpreta­do na língua cokwe. “Se tem inimigos deves andar com eles porque só assim saberás quem te quer fazer mal”, conta a artista.

A cantora tem no mercado um disco intitulado “Sambalala”, lançado em 2011. Odeth Patrícia Mbundo, conhecida pelo pseudónimo artístico de Namanhonga, destaca-se no palco pela sua exuberânci­a e extravagân­cia, com a dança no estilo tradiciona­l tchianda.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Namanhonga está a gravar o segundo disco, depois do álbum “Sambalala”, lançado em 2011

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