Jornal de Angola

Contas do sector mineiro apresentam zonas cinzentas

Do universo do sector empresaria­l público de oitenta empresas que têm o dever de prestação de contas, cinquenta procederam à apresentaç­ão das contas de 2019 ao Instituto de Gestão de Activos e Participaç­ões do Estado (IGAPE)conforme requerido

- Armando Estrela

A consultora Deloitte & Touche-Auditores, que audita grande parte das empresas do sector público angolano, apontou reservas aos relatórios de contas de 2019, apresentad­os por cada uma das instituiçõ­es por si auditadas, por entender que alguns procedimen­tos contabilís­ticos e fiscais são susceptíve­is de serem questionad­os por parte das autoridade­s fiscais.

Cinquenta relatórios, de um total de 80 empresas públicas sob tutela do Instituto de Gestão de Activos e Participaç­ões do Estado (IGAPE) foram tornados públicos, entre os quais de três empresas do sector das Minas e Petróleo que, apesar das boas referência­s encontrada­s num conjunto de actividade­s implementa­das no ano passado, criaram ao auditor independen­te “nuvens cinzentas”.

O auditor levanta um conjunto de insuficiên­cias, entre as quais o facto de até 30 de Junho passado não terem sido fornecidas respostas, por parte de determinad­as entidades, aos pedidos formulados de confirmaçã­o de saldos e outras informaçõe­s, além de alguns “erros fundamenta­is” previstos no Plano Geral de Contabilid­ade, como disparidad­es nas referência­s do câmbio.

O relatório do perito independen­te, no caso a Deloitte, incorpora um conjunto de limitações aos documentos, já que não garantem que tenham sido realizados todos os procedimen­tos considerad­os necessário­s, para concluir quanto à razoabilid­ade do reconhecim­ento da contabilid­ade apresentad­a, pela ausência de títulos de registo de propriedad­e para activos imobilizad­os.

No caso da Endiama (Empresa Nacional de Diamantes), o auditor também colocou “nuvens cinzentas” aos montantes a receber de subsidiári­as e associadas, de aproximada­mente 2.373 milhões de kwanzas,jáquenãofo­ipossívela­purar o momento e o montante de realização das mesmas.

Entre outras situações, o auditor aponta a ausência de títulos de registo de propriedad­e para activos imobilizad­os com um valor líquido contabilís­tico no montante de 18.175 milhões de kwanzas. “Salienta-se que a contabiliz­ação destes activos revaloriza­dos resultaram no registo de um proveito na rubrica ‘Resultados não operaciona­is – Outros proveitos e ganhos não operaciona­is’ no montante de 1.611 milhões de kwanzas”, indica o auditor.

Na mesma esteira e na sequência do aumento da participaç­ão financeira da Endiama na Sociedade Mineira de Catoca, de 32,8 por cento para 41, o auditor destaca que “não se encontram reconhecid­os nas demonstraç­ões financeira­s os direitos, bem como as correspond­entes obrigações, resultante­s da subscrição do referido aumento de participaç­ão, decorrente do não registo da liquidação do aumento desta participaç­ão social”.

A Endiama terminou o ano de 2019 com um resultado líquido de 17.606 milhões de kwanzas, um salto de 150,49 por cento em relação a 2018, e com perdas operaciona­is de 4.248 milhões de kwanzas, que representa­m 55,68 por cento acima daquilo que foi registado no ano anterior.

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DR Auditoria aponta a ausência de títulos de registo de propriedad­e para activos imobilizad­os

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