Sepúlveda garante nunca ter renunciado ao cargo
Primeira mulher a concorrer à presidência daquele órgão pode ficar afastada do pleito eleitoral caso seja confirmada a acusação
Em meio à acusação de ter renunciado ao cargo de vicepresidente da Federação Angolana de Atletismo (FAA), Gertrudes Sepúlveda assegurou nunca ter manifestado a intenção de abandonar o elenco federativo.
A concorrente às eleições de renovação de mandatos para o ciclo olímpico 20202024 assegurou ter manifestado somente, à direcção presidida por Bernardo João, desagrado em relação à má gestão da instituição.
“Fui acusada de ter pedido demissão. As declarações do presidente cessante não correspondem à verdade. Em Fevereiro, demonstrei descontentamento relativamente à forma como a Federação estava a ser gerida. Nunca escrevi a renunciar o cargo de vice-presidente tão-pouco o fiz de forma verbal. Se o tivesse feito, não estaria em condições de concorrer. Por causa da Covid-19, não temos reunido. Todos aguardamos a realização da Assembleia-Geral ordinária para a prestação de contas. Portanto, não faz sentido a acusação”, explicou.
O capítulo II da Lei das Associações Desportivas, nº 6/14, de 23 de Maio, artigo 11º, refere que “no caso de renúncia ao mandato, os titulares dos referidos órgãos não podem candidatar-se nas eleições imediatas, excepto, se a renúncia for determinada por exercício de função incompatível ou por outro motivo de que resulte indisponibilidade”.
Caso se confirme documentalmente a desistência, Sepúlveda pode ficar à margem do processo. Quanto a isso diz: “reafirmo não existir quaisquer provas nesse sentido. Quero terminar bem o mandato, após a prestação de contas em Assembleia. Sem acusações. Vou trabalhar com um grupo maioritariamente formado por mulheres dispostas a mudar a imagem da modalidade”, prometeu.
Em 41 anos de história do atletismo angolano, Gertrudes Sepúlveda é a primeira mulher que concorre à presidência da instituição. Aquando do anúncio da candidatura, garantiu estar em condições de dar um novo estímulo à Federação, reunir competências para elevar a modalidade (no plano interno e internacional), catalogar todos os atletas e elaborar um calendário competitivo de forma a melhorar a performance dos mesmos.
A formação de monitores, treinadores, juízes e cronometristas também consta da agenda. A actual imagem da FAA e as relações com outras instituições desportivas preocupam a vice-presidente. Por sua vez, Bernardo João afirmou que Gertrudes Sepúlveda anunciou verbalmente o pedido de demissão, mas reconhece não ter visto qualquer documento. “A intenção foi manifestada durante uma reunião de direcção. A vice-presidente garantiu formalizar o pedido por via de uma carta dirigida ao presidente da Mesa da Assembleia Geral. Havia outras pessoas na sala, mas não sei se chegou a concretizar ou não”, disse.
Após o encontro, acrescentou, outros membros da Federação consideraram insuficientes os motivos evocados para o abandono da instituição. “Já havia outras intenções”, disse. Outras pessoas abandonaram aquela instituição por diversas razões, segundo o presidente cessante.
“Não somos assalariados. Portanto,percebodeterminadas situações. Ao falar da demissão, em momento nenhum o fiz com a intenção de afastá-la do pleito eleitoral”, esclareceu. Para o próximo ciclo olímpico, caso seja reeleito, Bernardo João aposta na alta competição, formação de treinadores para asdisciplinasespecíficas,garantir a conquista de medalhas e maior visibilidade de Angola nos palcos internacionais.
Na visão do presidente cessante, a massificação do atletismo é um facto, mas re conhece que o país ficou à margem do que foi perspectivado para as provas internacionais, nas quais o destaque recai para os Jogos Olímpicos.A parceria com algumas empresas e a implementação de mínimos são os feitos alcançados na recta final do primeiro mandato.
Fui acusada de ter pedido demissão. As declarações do presidente cessante não correspondem à verdade. Em Fevereiro, demonstrei descontentamento relativamente à forma como a Federação estava a ser gerida