75 anos depois, o que o mundo aprendeu com Hiroshima e Nagazaki
A batalha de Iwo Jima, que ficou muito conhecida no filme de Clint Eastwood “Letter from Iwo Jima” (Cartas de Iwo Jima, 2006), durou 35 dias
Os bombardeamentos de Hiroshima e Nagazaki são também avaliados como actos de vingança dos EUA, sobretudo pelo ataque de 7 de Dezembro de 1941 à base naval de Pearl Habor, no Havaí, que resultou na destruição parcial da frota norte-americana aí estacionada
A 6 de Agosto de 1945, ocorreu o bombardeamento atómico da cidade japonesa de Hiroshima, durante os estágios finais da II Guerra Mundial. A bomba, denominada “Little Boy”, foi lançada pelo avião norte-americano Boeing B-29 Superfortress “Enola Gay” e explodiu às 8h15 a 570 metros do solo.
Na sequência, formouse uma imensa bola de fogo com uma temperatura de 300 mil graus centígrados. Fez-se uma enorme nuvem de fumo em formato de cogumelo de mais de 18 km de altura. Cerca de 80 mil pessoas morreram e 35 mil ficaram feridas na explosão. Até ao fim do ano, pelo menos mais 60 mil perderam a vida, devido aos efeitos da bomba.
Situada no Oeste da ilha, Hiroshima é uma cidade portuária e era, na altura, uma importante base militar japonesa. Restaram apenas 28 mil dos 90 mil edifícios existentes. Estima-se que aproximadamente 69% das construções da cidade foram completamente destruídas e cerca de sete por cento severamente danificadas. Dos 200 médicos que havia, só 20 sobreviveram. A explosão da bomba lançada pelo “Enola Gay”, nome posto em homenagem à mãe do piloto do avião, gerou tantos incêndios que eram impossíveis de contar.
“Little Boy” era uma bomba atómica de urânio. Três dias, a 9 de Agosto, foi lançada uma nuclear de plutónio, a “Fat Man”, sobre a cidade de Nagazaki. Morreram entre 60 e 80 mil pessoas.
A maioria dos mortos em ambas as cidades, cerca de metade no primeiro dia e as restantes nos meses seguintes, devido às queimaduras, envenamento radioactivo e outras lesões, agravadas pelos efeitos da radiação, era civil, embora Hiroshima tivesse muitos militares.
“Atentado terrorista”
Em Hiroshima, no dia do bombardeamento, o Governo da cidade tinha colocado centenas de raparigas estudantes a trabalhar na limpeza de faixas de fogo que seriam provocadas por ataques com bombas incendiárias.
Em Tóquio e outras cidades japonesas, os bombardeamentos haviam causado uma destruições em massa e centenas de milhares de mortes de civis, na maioria mulheres e crianças. Toyama, região urbana de 128 mil habitantes, foi completamente arrasada, levando consigo 90 mil vítimas.
Tal não havia acontecido antes em Hiroshima. Nesta cidade, centro chave para a navegação, localizava-se o quartel general da marinha, no porto de Ujina. Era também a sede ao Segundo Exército e do Exército Regional de Chugoju. Existiam ainda grandes depósitos de suprimentos militares.
Ainda hoje, a justificação ética dos bombardeamentos e o seu papel na rendição do Japão é motivo para debates, havendo quem o considere o maior atentado terrorista da história da Humanidade, mais não seja porque o objectivo do Governo e do exército dos Estados Unidos da América era aterrorizar a população japonesa e evitar, assim, uma invasão ao país.
Ferocidade das forças japonesas
Momentos únicos na história em que armas nucleares foram usadas contra alvos civis, os bombardeamentos de Hiroshima e Nagazaki recordam-nos que, tendo a guerra terminado na Europa, com a capitulação da Alemanha nazista, a 8 de Maio de 1945, e os EUA, o Reino Unido e a China, na Declaração
de Potsdam, de 26 de Julho, terem pedido a rendição incondicional das forças japonesas, sob a ameaça de uma “destruição rápida e total”, a Guerra no Pacífico continuou.
Em muitas batalhas já antes decorridas, as forças japonesas demonstraram grande capacidade de resistência e ferocidade. Os soldados eram incentivados a pôr termo à própria vida em vez de se renderem. São conhecidos vários casos de suicídio colectivo.
A decisão japonesa de lutar até à morte, como ficou claro nas batalhas das Filipinas, Iwo Jima, Okinawa e Gudalcanal, levou os comandantes norte-americanos a concluíram que a invasão da ilha resultaria em milhares de mortes dos seus soldados.
A batalha de Iwo Jima, que ficou muito conhecida no filme de Clint Eastwood “Letter from Iwo Jima” (Cartas de Iwo Jima, 2006), durou 35 dias. Naquela ilha vulcânica japonesa desembarcaram, a 19 de Fevereiro, 110 mil marines de 880 navios de guerra. A posição era defendida por 22 mil soldados japoneses. O saldo foi de 6.889 fuzileiros norte-americanos mortos e 18.070 feridos. 212 nipónicos foram feitos prisioneiros. Alguns permaneceram escondidos e renderam-se apenas em 1949.
Okinawa, na ilha de Okinawa, no arquipélago de Ryukyu (sul das quatro maiores ilhas do Japão), foi palco, de Abril a Junho de 1945, da maior batalha marítimo-terrestre-aérea da história.
Com grande população civil, em Okinawa morreram, no mínimo, 130 mil não-combatentes. Do lado das tropas japonesas, houve 110 mil mortos, muitos dos quais preferiram o suicídio, a serem capturados. Para os japoneses, a rendição era algo vergonhoso.
As baixas norte-americanas foram mais de 72 mil, das quais 15.900 mortos ou desaparecidos, o dobro de Iwo Jima e Guadalcanal.