Moradores exigem mudança do centro de quarentena do Cuito
O coordenador Técnico da Comissão Provincial de Prevenção e Combate à Covid-19, João Campos, afirmou que o centro vai continuar em plena cidade do Cuito, na medida em que lá não há pessoas doentes
Moradores da rua Joaquim Kapango, na cidade do Cuito, província do Bié, mostram-se preocupados com a proximidade do centro de quarentena institucional e exigem a mudança do local criado para o isolamento de casos suspeitos da Covid-19.
O ancião Augusto Simão Cambovo é dos mais inconformados com a situação, na medida em que apenas um muro separa a sua residência do centro de quarentena institucional. Diz correr risco de contaminação, por isso, pede a mudança do centro para uma outra área não habitacional.
“O Governo tem feito um bom trabalho no combate ao novo coronavírus, mas o que nos preocupa, eu e minha família, é ter o centro de quarentena junto ao meu quintal. De noite, as pessoas lá internadas fazem festas, ouvem música alta, dançam, saltam a vedação para virem à rua. Não estamos seguro aqui. Peço, por favor, mudem o centro de quarentena”, pediu o ancião de 65 anos.
Dulce Januário, outra moradora, defende que o centro nunca devia ter sido criado em plena cidade do
Cuito, porque periga a saúde de outras pessoas, uma vez que próximo do local há estabelecimentos comerciais. “Nós, os moradores, vamos solicitar ao Governo a mudança deste centro. As pessoas não querem fazer nada, até administrador do município do Cuito vive aqui e não faz nada para mudar a situação”, lamentou a anciã de 62 anos.
Visivelmente agastada, disse ter dificuldade de chegar a casa, porque as ruas estão fechadas. “Daqui já saíram dois casos. Isso é perigoso para as nossas crianças”, reclamou.
Antónia Canbumdile é outra voz que também se levanta contra o centro de quarentena institucional da cidade do Cuito. “Não é normal que no centro da cidade haja um centro de quarentena contra a Covid-19. Este hotel está ligado a casa da minha irmã e, isso, é um grande risco para as nossas crianças. A circulação foi cortada. Repito, não é normal colocar um centro de quarentena num hotel dentro do centro da cidade. Nós estamos revoltados com essa situação”, desabafou.
O jovem Eduardo Pinto mostrou-se igualmente descontente com a situação. “Para mim, o maior transtorno é não podermos circular livremente na nossa própria rua. Daqui, onde, vivemos podemos ver os doentes nas janelas, outros ainda a tossir para a rua. Pedimos ao Governo para tirar este centro desta rua, porque representa um perigo para os moradores e os clientes dos bancos e lojas aqui ao redor”, pediu.
Outro jovem, Laurido de Oliveira disse que muitos clientes deixaram de frequentar as lojas localizadas naquela rua. “Além disso, um quarteirão da rua está fechado à circulação automóvel e isto cria muitos constrangimentos aos automobilistas”, queixou-se.
“Centro dequarentena vai continuar na cidade”
O coordenador Técnico da Comissão Provincial de Prevenção e Combate à Covid19, João Campos, afirmou que o centro de quarentena institucional vai continuar em plena cidade do Cuito, na medida em que lá não há pessoas doentes e o Governo não tem outro local para transferir as pessoas.
Reagindo a preocupação dos moradores da rua Joaquim Kapango, João Campos assegurou que existe um distanciamento de um metro e meio entre o centro de quarentena e as áreas habitacionais.
“As pessoas que estão em quarentena não saem dos quartos. Por isso, peço calma à população”, disse.
João Campos frisou que, mesmo que fosse retirado do local onde funciona actualmente, não teriam outro local para criar o centro de quarentena institucional. “Onde vamos colocar o centro de quarentena? Não temos mais outro local”, disse.
Durante a conversa com os jornalistas, João Campos referiu que a Comissão Provincial Multissectorial de Prevenção e Combate à Covid-19 já adquiriu mais de dois mil pratos e talheres descartáveis para assegurar a troca dos utensílios depois da alimentação dos pacientes internados no centro de quarentena do Cuito.