Brigada de Vigilância Comunitária desactiva 47 grupos de marginais
O trabalho que está a ser exercido desde o ano passado pela Brigada de Vigilância Comunitária, no Distrito Urbano do Sambizanga, município de Luanda, veio restituir o sentimento de tranquilidade no seio dos moradores
No âmbito do combate ao crime no Sambizanga, uma iniciativa do administrador do distrito e cuja ênfase reside no patrulhamento das ruas por mais de mil jovens voluntários, foram desactivados 47 grupos de delinquentes, com destaque para o “Marijuana”, “Da Légua” e “Mana Bela”. Em declarações ao Jornal
de Angola, Tomás Bica explicou que alguns integrantes dos grupos desactivados encontram-se detidos, outros morreram em consequência das acções que praticavam e os restantes têm estado a ser acompanhados pela administração no quadro de um processo de ressocialização.
“O objectivo da constituição das “Brigadas do Apito” não é para combater o criminoso, mas sim o crime. A ideia é a prevenção da delinquência e ressocialização dos jovens”, realçou.
Tomás Bica considera que muitos optaram pela delinquência, porque algo falhou no processo de transmissão de valores e disse acreditar que o envolvimento da família é fundamental para o êxito do combate ao crime. Paralelamente a isso, acrescentou, as autoridades administrativas contam com apoio de antigos marginais que depois de cumprir as penas foram reintegrados na sociedade.
“Contamos com apoio e experiência de vida dos exmarginais, que tem servido de mola impulsionadora para incentivar os jovens a desistirem dessas práticas”, disse o administrador, sublinhando ser impossível combater e prevenir a criminalidade sem o envolvimento de quem durante anos viveu o problema.
O argumento segundo o qual as pessoas roubam por falta de emprego, fome e pobreza não colhe para Tomás Bica, para quem trata-se de uma tese que oficializa o roubo. Sustenta que as pessoas roubam porque alguma coisa falhou no processo de construção de formação da sua consciência e personalidade e, por conta disso, pediu aos pais e encarregados de educação para que assumam o papel de educadores e principal referência dos filhos.
“Em primeira instância estão os pais, depois o professor e o catequista, porque é dos pais que a criança bebe os primeiros ensinamentos e aprende a diferenciar o bom do mau”, disse.
Parceria com outras instituições
A par de acções de patrulhamento e captura de marginais, as autoridades administrativas do Sambizanga trabalham em parceria com as instituições de formação profissional e os empresários com vista a ressocializar os jovens que abandonaram o “mundo do crime”. Assim sendo, foram cadastrados centenas de jovens que pertenciam a grupos de marginais, para aferir de cada um a documentação, nível académico e eventual profissão.
Tomás Bica anunciou que as construtoras envolvidas na reabilitação das ruas de Benguela, Lobito, Comandante Bula e Agostinho Neto, no distrito do Sambizanga, obras inseridas no Programa de Intervenção Integrado dos Municípios (PIIM) vão contar com esses jovens para constituir a sua mão-de-obra.
“Temos acordos com empresas de construção civil encarregues da reabilitação dessas vias para absorver parte destes jovens. Aqueles que forem disciplinados e possuem algumas valências profissionais terão prioridade”, disse Tomás Bica, salientando que a administração vai continuar a encetar contactos com as empresas sediadas no distrito.
Uma delas, apurou o Jornal
de Angola, pode ser um conhecido empreendimento comercial, que dentro de semanas inaugura uma filial no Sambizanga e dispõe de aproximadamente 200 vagas para novos funcionários. O mesmo acontece com uma outra instituição comercial, cujo proprietário tenciona transformar em supermercado uma das infra-estruturas do distrito.
“Quando inaugurarem esse empreendimento, a prioridade no enquadramento passa necessariamente pelos jovens do Sambizanga”, declarou.
Ambiente propício ao negócio
O administrador do Sambizanga afirmou que não é obrigação única do Estado criar emprego. Ao Estado, esclareceu, cabe criar o ambiente propício ao negócio para que os empresários tenham “fôlego” financeiro através de políticas fiscais atractivas, juros bonificados e financiamentos para que possam proporcionar cada vez mais emprego aos cidadãos.
Reforçou que o Estado tem a obrigação de garantir infra-estruturas básicas, educação, saúde, habitação, transportes e segurança pública, entre outros.
“Temos que acabar com a ideia enraizada que é obrigação única do Estado criar emprego”, disse.