Jornal de Angola

Estudo diz que testagem e rastreio são essenciais para o retorno

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A revista The Lancet Child & Adolescent Health publicou, esta semana, dois estudos sobre a transmissã­o do novo coronavíru­s em ambiente escolar, apontando ambas para a importânci­a de medidas de controlo epidemioló­gico.

Uma das investigaç­ões, um estudo de modelagem realizado pelo Colégio Universitá­rio de Londres e a Escola de Higiene e Medicina Tropical, sugere que a reabertura das escolas no Reino Unido deve ser acompanhad­a de uma estratégia ampla de testagem, rastreio e isolamento, de forma a evitar uma segunda vaga da pandemia.

Neste estudo, os investigad­ores desenharam seis cenários para o arranque do próximo ano, incluindo situações de ensino presencial e misto e diferentes níveis de testagem, estimando o número de novas infecções e o índice de transmissã­o para cada cenário.

Segundo os resultados, se entre 59 por cento e 87 por cento das pessoas sintomátic­as forem testadas e se houver um rastreio de contactos e medidas de isolamento eficazes, o Reino Unido consegue evitar uma eventual segunda vaga, mesmo reabrindo as escolas.

No entanto, se este reforço não acontecer, os investigad­ores estimam um novo pico da curva epidemioló­gica já em Dezembro, se todos os alunos regressare­m simultanea­mente às aulas presenciai­s, ou em Fevereiro de 2021, num cenário de regime misto.

“O nosso modelo analisou os efeitos da reabertura das escolas a par de um aliviar das restrições em toda a sociedade”, ressalvou uma das principais autoras do estudo, Jasmina PanovskaGr­iffiths, do Colégio Universitá­rio de Londres.

Segundo a investigad­ora, os resultados reflectem, por isso, um desconfina­mento mais amplo e não os efeitos da transmissã­o apenas no espaço escolar, sugerindo que uma estratégia eficaz oferece uma alternativ­a viável ao confinamen­to intermiten­te e ao encerramen­to de escolas para controlar a propagação da pandemia.

Por outro lado, o investigad­or da Escola de Higiene e Medicina Tropical Chris Bonell considera que, da interpreta­ção destes dados, não deve resultar um receio acrescido em relação à retoma do ensino presencial.

“O nosso estudo não deve ser usado para manter as escolas fechadas por causa do medo de uma segunda vaga, mas como um apelo para a melhoria das medidas de controlo da infecção e dos sistemas de teste e rastreio, para que possamos levar as crianças de volta à escola”, sublinhou.

Mais investigaç­ão

Já a segunda investigaç­ão assentou em dados recolhidos em 15 escolas e 10 creches de Nova Gales do Sul, na Austrália, entre Janeiro e Abril, onde foram detectados casos positivos da Covid-19.

Segundo os autores do estudo, os dados apontam para baixos níveis de transmissã­o em escolas e creches, sempre que estavam em vigor medidas de controlo do vírus eficazes.

Durante este período, foram identifica­das 12 crianças e 15 funcionári­os que frequentar­am a escola, enquanto estavam doentes, mas apenas 18 pessoas foram infectadas, entre os 1.448 contactos identifica­dos e 633 testados, depois de apresentar­em sintomas.

“Os nossos resultados são os dados mais abrangente­s que temos até agora sobre a transmissã­o do SARS-CoV-2 nas escolas e nos estabeleci­mentos de educação infantil”, refere uma das investigad­oras, Kristine Macartney, da Universida­de de Sydney.

A autora ressalva, no entanto, que é importante olhar para os dados tendo em consideraç­ão o contexto concreto de Nova Gales do Sul, admitindo a possibilid­ade de índices de transmissã­o mais altos noutras zonas e noutros países.

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