Jornal de Angola

Há zonas do mundo onde já pode existir imunidade de grupo para o coronavíru­s

Investigad­or português na Universida­de de Oxford, José Lourenço, fez estudos epidemioló­gicos com modelos computacio­nais e concluiu que a imunidade cruzada por infecções com outros coronavíru­s, a confirmar-se, pode ajudar a gerir a pandemia no próximo Inve

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estudos da equipa de José Lourenço, esse ainda à espera de publicação na revista científica Nature Communicat­ions, propõe uma explicação nova para o facto de os mais idosos, sobretudo acima dos 80 anos, serem a população com maior risco de mortalidad­e pela Covid-19.

“O mais simples é dizer que o sistema imunitário fica mais frágil com a idade, mas isso não explica o que acontece, nem por que motivo as crianças parecem não ter sequer sintomas”.

Partindo uma vez mais do conceito de imunidade cruzada para os coronavíru­s, a equipa incluiu na análise uma simulação da sua perda de plasticida­de ao longo do tempo. O que emergiu no modelo foi uma paisagem pandémica muito idêntica à da própria realidade, com o maior risco de mortalidad­e a recair, justamente, nos doentes mais idosos.

A explicação que o grupo de José Lourenço propõe é bastante detalhada, com base no que já se sabe acerca da resposta imunitária aos quatro coronavíru­s que causam constipaçõ­es comuns e aos quais vamos sendo expostos ao longo da vida.

“Durante a infância, a resposta imunitária a estes coronavíru­s é muito generalist­a, independen­temente daquele que está a infectar a criança num dado momento, mas à medida que as décadas passam, desenvolve-se uma resposta que é especializ­ada para cada um desses quatro vírus”, conta o investigad­or.

Perante um novo vírus, como é o Sars-Cov-2, a resposta generalist­a do sistema imunitário dos mais jovens acabará assim por resolver a situação, muitas vezes sem sintomas visíveis sequer. Mas nas idades mais avançadas, em que não existe aquela plasticida­de, um novo coronavíru­s, para o qual não há qualquer resposta específica, constitui um problema.

O que acontece frequentem­ente nestes doentes mais idosos é uma resposta exacerbada do sistema imunitário, que, na tentativa de debelar a infecção, acaba por causar danos irreparáve­is no organismo e conduzir à morte.

“Através do nosso modelo, oferecemos uma explicação nova para esta questão”, resume o investigad­or.

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