“Bomba flutuante” explodiu em Beirute
Pelo menos, 137 mortos, dezenas de desaparecidos e 5.300 feridos residentes sem tecto era o balanço, até ontem, da explosão que, terça-feira, sacudiu a capital do Líbano. Armazenadas no porto de Beirute, 2.750 toneladas de nitrato de amónio, químico industrial utilizado, quer como fertilizante, quer como carga explosiva para a indústria mineira, terá sido o material que levou à explosão e à tragédia.
O Pavilhão do MV Rhosus era moldavo, tripulação russa e ucraniana, propriedade de um empresário russo radicado no Chipre. Autoridades sabiam do perigo que a carga representava, mas nada fizeram durante anos.
Oriundo de Batumi, na Geórgia, o MV Rhosus tinha a Beira, Moçambique, como destino. Mas quer tenham sido “dificuldades técnicas”, como disseram os advogados que representaram os marinheiros, quer tenha sido para recolher mais carga, como disseram à CNN, o facto é que o navio ficou ao abandono.
O paradeiro do Rhosus , que outrora foi apelidado de “bomba flutuante”, pelo Maritime Bulletin, publicação online especializada em asuntos marítimos, é agora desconhecido. E a respectiva carga acabou num armazém.
Segundo a CNN, depois de o cargueiro, de bandeira moldava, ter acostado na Grécia, para reabastecer, o proprietário do navio, Igor Grechushkin, informou o capitão que tinha ficado sem dinheiro, pelo que teriam de recolher carga adicional para cobrir os custos de viagem, o que os levou a fazer um desvio para Beirute.
Na capital do Líbano, o MV Rhosus foi impedido de prosseguir pelas autoridades portuárias locais, devido a “graves violações na operação de um navio”, taxas em dívida ao porto e queixas apresentadas pela tripulação russa e ucraniana, segundo o Sindicato dos Marítimos da Rússia à CNN.
O empresário russo, que residia no Chipre, declarou a Teto Shipping falida, foi depois acusado pelo capitão Boris Prokoshev de ter abandonado o navio e a tripulação - uma “bomba flutuante” deixada à porta da capital do Líbano. Vários credores, segundo os representantes legais da tripulação, apresentaram igualmente queixas.
Confrontados com falta de víveres, parte da tripulação (seis) teve ordem para regressar a casa, enquanto o capitão, russo, e três tripulantes, ucranianos, tiveram de permanecer meses no navio.
Um juiz acabou por dar autorização aos quatro para desembarcarem e serem repatriados. E como o navio ficou ao abandono e a carga era perigosa, foi decidido removê-la a carga para um armazém do porto, o que aconteceu em Novembro de 2014.