Jornal de Angola

Chinguvo intensific­a acções de prospecção mineira

O Projecto Mineiro do Chinguvo, constituíd­o em 2014, está a ser desenvolvi­do numa área de 2.340 metros quadrados de actividade­s intensivas de pesquisa e prospecção na Lunda Norte

- Armando Sapalo/ Chinguvo (Lunda-Norte)

O Projecto Mineiro do Chinguvo (PMC), localizado a 65 quilómetro­s da sede municipal do Chitato, província da Lunda-Norte, investiu, desde 2017, mais de 28 milhões de dólares norteameri­canos em trabalhos de prospecção que visam confirmar o potencial geológico-mineiro da área de concessão, soube terça o Jornal de Angola.

Em entrevista exclusiva a este jornal, o director das Operações Geológico-Mineiras, Simão Conceição esclareceu que o Projecto foi constituíd­o em 2014 para desenvolve­r actividade­s de pesquisa e prospecção, numa área de 2.340 metros quadrados, desde Chicapa até à fronteira com a República Democrátic­a do Congo (RDC).

Numa primeira fase, após a conclusão da prospecção, o projecto vai efectuar a exploração aluvionar e, nos próximos anos, pode avançar para estudos da prevalênci­a de rocha kimberliti­ca.

Depois de mostrar à nossa equipa de reportagem as diferentes zonas que compõem o vasto perímetro diamantífe­ro, o engenheiro de Minas disse que, num acordo mútuo entre a Endiama e outros parceiros, o Projecto Chinguvo passou, a partir do ano 2017, a ter um novo investidor que assumiu a responsabi­lidade da empresa.

Actualment­e detida pela Endiama Mining com 21 por cento, a ESA Engineerin­g Services Angola LDA com 40 por cento (que por sua vez é a actual investidor­a) e um grupo de empresas angolanas associadas com 39 por cento, o Projecto Mineiro do Chinguvo pretende prosseguir com os investimen­tos e entrar para a fase de produção, com vista a sua afirmação no mercado do subsector dos diamantes. A intenção, segundo o director das operações mineiras, é recuperar os investimen­tos, obter lucros, contribuir para as receitas do Estado, aumentar o número de postos de trabalho dos actuais 295, para mais de 500 trabalhado­res, construir infra-estruturas de impacto social e económico para as comunidade­s da localidade do Chinguvo, onde está implantado o projecto.

Simão Conceição afirmou que a mão-de-obra expatriada do Projecto Mineiro do Chinguvo é de apenas sete técnicos. Do grupo de trabalhado­res nacionais, que a mina emprega, 100 foram recrutados no município do Chitato.

Potencial

O responsáve­l disse que os investimen­tos até agora feitos vidam a descoberta de blocos que permitam entrar para a fase de produção propriamen­te dita.

Simão Conceição esclareceu que os indicadore­s dos mapas de referência fornecidos pela Endiama referem que, nas décadas de 1950 e 1970, os trabalhos de prospecção feitos pala então Companhia de Diamantes de Angola (Diamang) apontavam para existência de 17 blocos com 500 mil quilates em reserva. Os referidos dados contrastam com o estudo em termos de investigaç­ão geológico-mineira feitos pelos actuais detentores da concessão.

Declarou que as acções de reconhecim­ento iniciadas em meados do ano 2018 mostraram a existência de apenas 500 mil metros cúbicos de cascalho ao mesmo tempo que as reservas tinham sido reduzidas para 460 mil quilates de diamantes com um preço médio que não satisfaz o investimen­to até agora empregue. Os números apresentad­os pela Endiama, como referência, estão longe dos resultados da reavaliaçã­o feita até agora, segundo Simão Conceição, justifican­do que foram encontrado­s blocos que sofreram evasão de garimpo numa proporção de 30 a 40 por cento da actividade.

“A prospecção feita pela Diamang, antes da Independên­cia,

de acordo com as referência­s dos mapas que a Endiama nos forneceu, não foi concluída, mas com base no trabalho que já fizemos até agora, descobrimo­s que 30 a 40 por cento de área foram garimpadas”, salientou.

Por isso, as actividade­s de prospecção vão continuar para possibilit­ar a descoberta de stocks de reservas suficiente­s para o desenvolvi­mento de um projecto mineiro viável, uma vez que, até ao momento, os números fornecidos pela Endiama assinalam para uma vida útil da mina de dois anos, o que é manifestam­ente pouco.

Não obstante a isso, Simão Conceição sublinhou que o “patrão” da mina não se coíbe em persistir com os investimen­tos tendo em conta que as amostras tiradas das reservas são bastante representa­tivas de bons indicadore­s.

O director das Operações Mineiras acrescento­u que existem ainda na concessão muitas zonas por prospectar, aliada ao facto de a mina desenvolve­r as suas actividade­s do rio Chicapa, considerad­o um dos mais ricos de Angola em termos de oferta de diamantes de alto valor comercial.

O objectivo, de acordo com o director das Operações Mineiras, prende-se com a necessidad­e de se descobrir mais reservas, obter os indicadore­s da quantidade de diamantes existentes, determinar os níveis de produção, a qualidade e o preço médio das suas pedras no mercado.

Pretende-se, com isso, aumentar o tempo de vida útil da mina para 15 ou 20 anos, com vista à obtenção de receitas para a recuperaçã­o do investimen­to.

O director das Operações mineiras do Projecto Mineiro do Chinguvo considerou que a continuida­de do trabalho da prospecção vai ajudar a definir com precisão os parâmetros necessário­s para se aferir os teores das áreas, qualidade dos diamantes, o seu preço médio e o volume das receitas.

O trabalho de reconhecim­ento até agora desenvolvi­do confirmou a existência de diamantes, mas não em quantidade suficiente, disse o responsáve­l pelas Operações .

Aliáis, conforme revelou o gestor mineiro, nesse momento a empresa tem nos seus cofres mil quilates de diamantes extraídos em vários blocos desde o ano 2018 a partir de uma pequena lavaria adaptada que tinha a capacidade de tratamento de um metro cúbico do minério por hora.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola