Inspecção rodoviária
O acidente rodoviário que envolveu, há dias, uma viatura de serviço de táxi que, provavelmente por perda dos travões e da direcção, saiu da via e embateu contra as vendedeiras junto à estrada, levanta o debate em torno da inspecção rodoviária. Embora o parque automóvel em Luanda, zona que eu conheço melhor, tenha sido renovado há alguns anos, com marcas e modelos de viaturas novas, não há dúvidas de que circula muita viatura velha. Como diz o meu avô, circula pelas estradas de Luanda “muita lata velha” que, em condições normais, devia parar há muito tempo. A propalada inspecção regular que a Polícia Nacional passaria a fazer às viaturas parece uma conversa que ficou, como sói dizer-se, em “águas de bacalhau” na medida em que nunca mais se falou sobre a mesma. Qualquer viatura funciona mais ou menos como o corpo humano.
Nunca os seus componentes danificam de forma abrupta, sobretudo aqueles componentes concebidos para funcionarem e conhecerem um desgaste ou avaria demorada e sempre precedida de “aviso”. Um carro, até onde sei, não perde os travões de repente. É sempre um processo lento e, por isso, passível de controlo e, quando se é responsável, de tomada das medidas mais apropriadas.
O referido carro que, na zona do Zango, acabou por atropelar as senhoras que vendiam à berma da estrada, com certeza, que foi perdendo os travões ou a direcção de forma gradual. O motorista, seguramente, estava ao corrente da perda de capacidade de travagem e, como ocorre com muitos, insistiu na condução tendo como fundamento “depois vou levar ao mecânico”. A ideia de que “depois vou levar ao mecânico” acaba sempre por ser fatal na medida em que muitos automobilistas nunca encostam os carros para manutenção enquanto os mesmos não pararem definitivamente. Enquanto o carro estiver a andar, mesmo que esteja a travar mal, mesmo que a direcção apresente problemas, ainda que os pneus estejam completamente “carecas”, via de regra nunca se pára o carro para inspecção ou manutenção. Essa é, infelizmente, a realidade dos nossos automobilistas, sobretudo quando se tratam de taxistas e digo com todo o respeito por esses profissionais. Estou apenas a falar daquilo que é factual e sem qualquer pretensão de denegrir os taxistas.
Por isso, a manutenção periódica das viaturas por parte de uma entidade competente que serviria para aconselhar os automobilistas e a retirar da circulação viaturas em mau estado técnico é urgente. Parece que está provado que não basta o seguro de responsabilidade civil contra terceiros, deve ser essa designação do seguro automóvel que me refiro, mas a inspecção regular como complemento dos esforços para melhorar a circulação automóvel e reduzir a sinistralidade rodoviária.
Se não se implementar essa medida, a inspecção rodoviária, já prometida há algum tempo pela Polícia Nacional, dificilmente seremos capazes de reduzir a sinistralidade nas estradas e teremos mais dificuldade em conduzir sossegadamente. Há carros que fumegam demais e deviam ser retirados da circulação AIDA MANUEL Cassenda