Falta de testes impede compreensão da doença
A directora do escritório da Organização Mundial da Saúde (OMS) para África, Matshidiso Moeti, disse que a falta de testes está a gerar subnotificação de casos e a impedir a compreensão total da pandemia no continente.
“A falta de testes está a levar a alguma subnotificação dos casos de Covid-19 e a impedir-nos de compreender o quadro completo da pandemia em África”, disse Matshidiso Moeti, quinta-feira, durante uma conferência de imprensa virtual a partir de Brazzaville.
A responsável da OMS África sublinhou, por isso, a necessidade de “inverter esta situação, para que os países possam calibrar a resposta, assegurando maior eficácia”. “À medida que os casos se deslocam para o interior, os testes devem ser descentralizados das capitais”, acrescentou.
O nível de testagem à Covid-19 em África continua abaixo da média global, mas a capacidade de testagem no continente “aumentou significativamente” desde o início da pandemia, segundo a OMS.
Na África Subsaariana, foram já realizados mais de 6,4 milhões de testes, com 11 países a fazerem mais de 100 testes por cada 10.000 habitantes, em comparação com apenas seis há um mês.
Em Julho, registou-se um aumento de 40% no número total de testes realizados, em comparação com o mês anterior.
Durante a mesma conferência, Matshidiso Moeti anunciou a chegada, no mesmo dia, a Joanesburgo, na África do Sul, dos primeiros membros de uma equipa de peritos da OMS para reforçar a resposta à Covid-19 no país mais afectado no continente africano e entre os cinco mais afectados no mundo.
Um segundo grupo de peritos será destacado na próxima semana, esperando-se que, no total, mais de 40 peritos de Saúde Pública apoiem as autoridades sul-africanas na resposta à pandemia.
“A pedido do Governo sul-africano, os nossos peritos serão integrados nas equipas nacionais de resposta, trabalhando em estreita colaboração com os responsáveis locais pela Saúde Pública, para enfrentar alguns dos desafios urgentes que o país vive”, disse a responsável da OMS.
“À medida que o impacto do vírus se intensifica em vários pontos críticos em África, também se intensificam os esforços da OMS”, acrescentou.
Numa altura em que o continente se aproxima do milhão de casos, 10 países foram responsáveis por 89% dos novos casos de Covid-19 nas últimas duas semanas.
Os novos casos aumentaram mais de 20% em 16 países da região africana da OMS nas últimas duas semanas, em comparação com a quinzena anterior.
No total, a OMS está a aumentar o apoio a 11 países que solicitaram assistência, mobilizando mais técnicos para o terreno e aumentando as formações para reforçar a capacidade local.
Com a transmissão comunitária a ocorrer em mais de metade dos países em África, a OMS está a reforçar o envolvimento comunitário e a educação sanitária e a fornecer apoio material directo para reforçar a capacidade de testes.
Consórcio
A OMS e outras agências das Nações Unidas formaram um consórcio global de aquisições, para apoiar os países que têm acesso limitado aos mercados para a compra de testes e outros produtos e equipamentos médicos.
No mês passado, o consórcio enviou 1,8 milhões de ‘kits’ de teste para 47 países em África, estimando-se um novo envio de mais 1,1 milhões nas próximas semanas.