“Regressei do hospital e marquei o golo da vitória”
Mendinho deixou as impressões digitais na galeria da equipa da Polícia. Entre momentos maus e bons, o antigo médio ofensivo que fez furor naquela que considera ser a sua equipa do coração, lamenta o facto de não se ter sagrado campeão nacional com o seu Interclube.
“Dei sempre o meu melhor no clube que marcou a minha vida como desportista, mas até hoje o que me entristece é o facto de não conseguir vencer nenhum Girabola. Fui três vezes vice-campeão, ganhei uma Taça de Angola e uma Supertaça, mas soube a pouco”, comentou.
No auge da sua carreira e forma desportiva os jogos frente ao Petro de Luanda continuam a ser os mais marcantes na competição doméstica, um pela positiva e outro pela negativa. Recorda como se fosse hoje de um episódio que considerou de caricato e talvez inédito.
“Foi num dérbi frente ao Petro de Luanda, jogo disputado à noite no Estádio dos Coqueiros, em que saio lesionado num choque com o lateral esquerdo N'sumbo. Fui levado ao Hospital do Prenda, onde me suturaram no sobrolho, com três pontos”, explicou com nostalgia.
Com um sorriso no rosto, disse que para o seu espanto “quando regresso ao estádio, o Mister Semica não mexeu na equipa e mandou-me entrar em campo, ante o protesto do banco do adversário. Minutos depois marco o golo da vitória e ganhámos por 2-1”, rematou.
Acrescentou que volvidos alguns dias no reencontro com o técnico António Clemente, na altura seleccionador nacional, os colegas do Petro chamaram-no de feiticeiro por aquilo que aconteceu no jogo. “Cara você é um feiticeiro, conseguiste nos ganhar e de uma forma estranha”, afirmou.
Confessou que o jogo que não gostaria de recordar foi a humilhante goleada sofrida diante do Petro, por 7-0. Disse que embora não tenha jogado, testemunhou a derrota nas bancadas, sem poder fazer nada ante a fúria do adversário e a fraca capacidade de reacção dos colegas.
“Metade da equipa titular estava em greve, porque não nos tinham dado os electrodomésticos prometidos. Sabe que naquela altura receber uma motorizada, arca ou um televisor era algo de extraordinário. Exigimos que nos dessem, caso contrário não jogaríamos e foi o que aconteceu”, sublinhou.
Salientou que, nem mesmo o facto do Interclube ser um clube afecto à Policia Nacional, os inibiu de exigirem o que lhes era devido. “A união faz a força. Depois de a direcção honrar o compromisso, fomos a Benguela impor um rigoroso empate a uma bola ao poderoso 1º de Maio, em pleno Estádio do Arregaça, onde na altura ninguém passava”, destacou.