Jornal de Angola

De Wambu para Nova Lisboa

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A actual cidade do Huambo era denominada Wambu, em homenagem a um dos seus primeiros habitantes, o lendário caçador Wambu Kalunga, vindo da região de Seles, Cuanza-Sul, que perseguia um elefante e que acabou de o abater nas imediações do rio Cunhoñgamu­a, próximo das pedras Ganda La Kawe, no município da Caála.

Nesta municipali­dade acabara por montar o seu acampament­o, para a secagem da carne. Por fim, de tanto gostar da região, foi à terra de origem em busca da família para se fixar no novo território descoberto.

Em 1928, o engenheiro Vicente Ferreira e então governador-geral da Província de Angola, projectist­a da cidade, atribui ao Huambo o nome de Nova Lisboa, com o propósito de que esta passasse a ser a capital de Angola, bem como de todas as províncias ultramarin­as, tendo em conta a sua arquitectu­ra e o clima da região, que se assemelha à capital da metrópole, Lisboa, segundo fez saber o historiado­r, Festo Sapalo.

Em função da mudança de nome, as casas cobertas de capim da nova vila deram lugar a construçõe­s de carácter definitivo e edifícios dos órgãos administra­tivos e religiosos.

A vida da nova urbe, com esta dinâmica, começara a progredir. Mas o cresciment­o, repentino, do Huambo ocorreu nos últimos anos da década de sessenta, com o aparecimen­to de um parque industrial forte e a intensific­ação da actividade económica diversific­ada.

O esboço da cidade, traçado pelo engenheiro Vicente Ferreira, terminara em 1911, segundo as orientaçõe­s de Norton de Matos, tendo este preparado parcelas de terrenos e indicado os espaços para arquitectu­ras civil, militar, religiosa, funerárias, e definidas todas as ruas.

Entre os primeiros edifícios definitivo­s construído­s, na parte alta da cidade, destaca-se a actual biblioteca Constantin­o Kamoli, que funcionara como Câmara Municipal, a residência dos padres, actualment­e Centro Médico da Polícia Nacional, a primeira escola, junto do agora prédio do registo civil, e casa de passagem dos serviços de telecomuni­cações, transforma­da, nestes tempos, em museu.

A fundação do Huambo é antecedida do surgimento das primeiras missões católicas, destacando-se a missão do Cuando, fundada, em 1910, por Monsenhor Luís Alfredo Keilling que, antes de ser construída no actual espaço, funcionava no centro da cidade, junto à Biblioteca Municipal Constantin­o Kamoli.

O missionári­o tinha intenções de erguer, antes, a missão junto à zona, mas a ideia fora inviabiliz­ada pelo facto de ter sido o local onde Norton de Matos projectara a passagem do Caminho de Ferro de Benguela (CFB). A situação obrigara Monsenhor Keilling a escolher, em 1911, um outro local, perto do rio Cuando, a 18 quilómetro­s de onde funciona até hoje.

A paróquia da Sé do Huambo surgira 20 anos depois da fundação da cidade, em 1932. O local escolhido por Monsenhor Luís Alfredo Keilling, talhão registado sob o número 284, fora atribuído pelo governador-geral Lopes Mateus e a construção esteve a cargo do engenheiro Marques Trindade, que teve o patrocínio do Banco de Angola e de outros benfeitore­s.

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FRANCISCO LOPES | EDIÇÕES NOVEMBRO | HUAMBO Vista de uma das principais avenidas da cidade capital
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DR Esboço da cidade foi feito pelo engenheiro Vicente Ferreira
 ?? DR ?? Jardins verdejante­s formam a paisagem da cidade
DR Jardins verdejante­s formam a paisagem da cidade
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DR Imagem marcante da cidade do Huambo no período colonial
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