Angola descarta aquisição de vacinas em fase de testes
A ministra da Saúde descartou, ontem, em Luanda, a possibilidade de Angola adquirir, por enquanto, as vacinas da Covid-19 que se encontram em fase de testes, mas admitiu a aquisição tão logo forem aprovadas.
Sílvia Lutucuta disse que o país está a acompanhar às orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), recordando que a agência da ONU prometeu facilitar a aquisição de vacinas para todos os países de forma equitativa, de modo a dar oportunidade a toda população, assim que estiverem disponíveis.
“É sempre um desafio, porque nunca se sabe se a vacina poderá estar pronta este ano e, por quanto tempo, vai durar a pandemia. Nós temos de nos habituar às medidas, evitando o impacto da doença na vida dos angolanos e na nossa economia”, elucidou a governante.
A ministra, que falava em conferência de imprensa de actualização de dados da Covid-19, no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, desdramatizou informações que dão conta da morte de vários pacientes pela pandemia em todos os hospitais, por estarem abandonados.
Sublinhou que os profissionais de Saúde têm feito um esforço abnegado no sentido de tratarem os doentes.
Os doentes críticos, afirmou, que morreram, na sua maioria, estavam nos centros de referência. Garantiu que nos próximos tempos será feita uma abordagem mais alargada sobre os pacientes críticos e graves.
“O que tem se constatado é que os doentes chegam aos hospitais numa fase avançada da patologia, com manifestações clínicas. Em relação à Covid-19, entram já num quadro irreversível, sobretudo aqueles que têm diabetes e hipertensão”, explicou.
Sílvia Lutucuta referiu que não se pode generalizar que todas as mortes por Covid19 ocorrem em todos os hospitais. “Temos de reconhecer que o número de casos aumentou consideravelmente, nos últimos tempos”.
Com base nisso, disse, a estratégia de abordagem da Covid-19 tem de ir até aos cuidados primários de saúde, tendo em conta as várias portas de entrada, com destaque para os postos médicos, hospitais de vários níveis, desde os primários, secundários e terciários.
Questionada sobre a quantidade de testes, a titular da pasta da Saúde informou que existe uma capacidade média de mil testes por RT-PCR, por dia, mas, nos últimos dias, aumentou o número de testes rápidos serológicos.
Até à data, foram já testadas mais de 80 mil pessoas com testes rápidos. Por esta via, as autoridades sanitárias têm conseguido melhorar a performance de diagnóstico. “Só vai ao exame por RTPCR o presumível caso positivo ou reactivo”, frisou.
A também porta-voz da Comissão Multissectorial esclareceu que, quanto ao acompanhamento das quarentenas e isolamento domiciliar, trata-se de um grande desafio e que a colaboração e mobilização de toda a sociedade é importante.
O acompanhamento, realçou, será feito a nível dos municípios com profissionais de Saúde, comissão de moradores, vizinhos e outras entidades, que terão responsabilidades destes casos. Lembrou que este seguimento não será necessariamente presencial todos os dias, pelo que far-se-á, também, uso das tecnologias de informação, para permitir o contacto com os doentes.
“Depois de se fazer uma avaliação e notar que é um doente que aceita e percebe as orientações das autoridades sanitárias, teremos linhas para atendimento das pessoas, com apoio do Centro Integrado de Segurança Pública (CISP), para o seguimento destes”.
Para Sílvia Lutucuta, os angolanos devem trabalhar no sentido de se protegerem e diminuírem a transmissão da doença e cortar a cadeia de transmissão. Referiu que o sistema de saúde vai funcionar melhor ou pior dependendo do número de infectados que houver.
“Temos de deixar as unidades sanitárias, a todos os níveis, e os centros de referência de tratamento da Covid-19, para os doentes sintomáticos e críticos que se esperam, também, serem muitos. Por isso, os assintomáticos devem ficar em casa, mas com a garantia de que vão cumprir”, disse.
Angola registou,
ontem, mais três mortes e 34 infectados da Covid-19, perfazendo um total de 70 vítimas mortais e 1.572 casos positivos.
Os dados foram avançados pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, esclarecendo que as mortes ocorreram na Clínica Girassol e na Zona Económica Especial, em Luanda. Tratase de duas mulheres e um homem, com idades entre 52 e 64 anos, que se encontravam em estado crítico associados a outras patologias descompensadas.
Sílvia Lutucuta disse que os casos positivos são todos de Luanda, dos quais 14 homens e 20 mulheres, com idades entre 16 e 93 anos. As localidades afectadas são Samba, KilambaKiaxi, Ingombotas, Belas, Maianga, Rangel e Cazenga.
Nas últimas 24 horas, foram, ainda, recuperados 17 doentes, o que perfaz 564 pessoas livres da doença. Dos 938 casos activos internados, quatro são críticos, 20 em estado grave e cinco em sessão de hemodiálise.