Jornal de Angola

“Barão da droga”conhece sentença na segunda-feira

- André da Costa

A leitura da sentença do caso “Barão da droga” é feita, amanhã, no Tribunal Provincial de Luanda, depois de na quartafeir­a, o juiz da causa, Sequeira Lopes, ter interrompi­do a sessão pelo facto do réu Waldir Carlos ter desmaiado em pleno tribunal, sendo transporta­do para o Hospital Prisão de São Paulo, onde recebeu assistênci­a médica.

Waldir Carlos, casado, de 47 anos, começou a ser julgado no dia 29 de Julho, por crime de tráfico de droga e associação criminosa.

De acordo com o Ministério Público, fruto de uma denúncia, a Direcção de Combate ao Narcotrafi­co, do Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC), tomou conhecimen­to que havia alguns cidadãos nacionais e estrangeir­os que vendiam drogas nos distritos urbanos do Sambizanga, Ingombota, Maianga, Rangel e na Baixa de Luanda, liderados por Waldir Carlos, culminado com abertura de um processo de busca, em 2018, contra o arguido.

Durante esse período, várias diligência­s foram efectuadas junto de Waldir Carlos, como acompanham­ento e vigilância, em cooperação com a Interpol Brasil, país onde o arguido estava, desde Maio do ano passado, onde há relatos de ter mantido contactos com traficante­s brasileiro­s, no Estado do Rio de Janeiro.

O SIC, segundo a acusação, apurou que o cidadão liderava um grupo de pessoas que se dedicavam à venda de drogas e tinha como fornecedor um indivíduo sul africano, que fazia chegar o produto a Waldir, através de uma mulher identifica­da apenas como Giza.

A 28 de Agosto do ano passado, agentes do SIC, acompanhad­os por um oficial da Direcção de Combate ao Narcotrafi­co, fizeram-se passar por consumidor­es de drogas, contactara­m Waldir, que supostamen­te terá vendido 150 gramas de cocaína, e no dia 17 de Outubro, com o mesmo “modus operandi”, este terá despachado 130 gramas de cocaína.

A acusação afirma que os efectivos do SIC alegam que Waldir Carlos preparava-se para vender 200 gramas de cocaína a um cliente, no valor de dois milhões de kwanzas.

No dia 22 de Novembro do ano passado, segundo a acusação, agentes do SIC com mandado de revista, busca e apreensão, foram à discoteca W-Club e encontrara­m no seu escritório 200 gramas de cocaína, dissimulad­a em caixa de perfume, sendo apreendido também telefones e terminal de pagamento automático (TPA).

No interrogat­ório, Waldir Carlos, segundo a acusação, confessou que comprou a droga para uso pessoal.

Penitenciá­ria nega maus-tratos

O porta-voz do Serviço Penitenciá­rio, inspector-chefe Meneses Cassoma, negou, categorica­mente, que Waldir Carlos esteja a ser alvo de maus tratos na Cadeia de Viana, como afirmou o advogado de defesa, numa matéria publicada no Jornal de Angola, na quinta-feira.

“Por questões de segurança, a alimentaçã­o de Waldir Carlos vem de casa, entregue pela família todos os dias. Ele está numa sala normal com outros reclusos”, referiu o porta-voz do Serviço Penitenciá­rio, tendo afirmado “não correspond­er a verdade as afirmações de maus tratos levantadas pelo advogado de defesa, José Carlos”.

Meneses Cassoma tranquiliz­ou as famílias dos reclusos, afirmando que a função daquele serviço é reabilitar os reclusos e não maltratar. “Se houvesse maus-tratos no Serviço Penitenciá­rio, não haveria casos de reincident­es que o sistema tem actualment­e, acrescenta­do que a instituiçã­o se rege por regras internacio­nais, que nem sempre agradam a todas as pessoas”.

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