Polícia lusa investiga actividade da Associação Pedacinho do Céu
O Polícia Judiciária de Portugal está a investigar as actividades da Associação Pedacinho do Céu, por suspeita de burla num processo de “angariação” de fundos para ajudar crianças angolanas em situação de “debilidade”.
Segundo revelou, ontem, o diário português “Público”, o processo de investigação em curso baseia-se na posição das autoridades angolanas terem detido Hélder Silva, alegado cúmplice desta aparente burla e ter chegado à conclusão de não existem “200 crianças num barracão em dituação de debilidade”, como referiu essa associação numa reportage emitida pela estação de televisão SIC.
O mesmo diário, que cita fontes da Polícia portuguesa, diz que a associação não tem o estatuto de ONG não estando, face a isso, por lei, autorizada a angariar fundos para o que quer que seja.
Além da investigação policial, também a Procuradoria-Geral da República portuguesa abriu um processo de inquérito para apurar em que circunstâncias a
Pedacinho do Céu decidiu “ajudar” as crianças angolanas, quando a lei especifica que essa acção carece de uma autorização especial das autoridades lusas, que nunca chegou a ser formalizada.
O mesmo jornal cita a responsável pela Pedacinho do Céu em Portugal, Fátima Dante, que confirma não ter ainda recebido autorização do Governo português para se transformar numa ONG, acrescentando:“estamos a tratar do processo para obtermos essa autorização e estou concencida de que a vamos obter”.
Fátima Dante , nascida no Brasil há 56 anos, cozinheira de profissão, disse ao “Público” estar a aguardar pela chamada da Polícia portuguesa, garantindo que “nada tem a temer”, adiantando que apenas conseguiu angariar 340 euros para “ajudar as crianças angolanas”.
De acordo com o “Público”, a Polícia portuguesa está convencida de que as coisas são mais complicadas do que Fátima Dante quer fazer crer, tendo já no terreno uma equipa de investigação para apurar o que efectivamente se passou.
A Procuradoria-Geral de Olhão, Sul de Portugal, instaurou, também, um processo de averiguações que corre os trâmites na Direcção de Investigação e Acção Penal daquela cidade para apurar os factos relacionados com o caso.
Fátima Dante, segundo o “Público”, recebe como cozinheira, um ordenado mensal de 700 euros, que são complementados com a venda de doces e salgados em casa. O Público refere que a Pedacinho do Céu paga mensalmente 350 euros pelo aluguer de um rés-do-chão, em Olhão, onde funciona a sede da Associação.
O jornal ouviu, ainda, uma assistente social portuguesa, Anabelle Gomes, que disse ter ficado chocada com as imagens da SIC e surpreendida por não ter obtido resposta quando contactou a Pedacinho do Céu a pedir a localização das crianças, em Angola, para poder canalizar a ajuda solicitada na reportagem.