Jornal de Angola

Uma questão de honra

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O depoimento de uma outra mulher de Herat, compartilh­ado com a BBC na condição de anonimato, ajuda a entender como a questão é interioriz­ada pelas próprias mulheres.

“Quando alguém me pede para dizer o meu nome, penso na honra do meu irmão, meu pai e meu noivo. Por isso me recuso a dizê-lo.”

“Por que eu deveria irritar a minha família? Qual é o sentido de mencionar meu nome?”

“Quero ser chamada filha do meu pai, irmã do meu irmão. E, no futuro, quero ser chamada esposa do meu marido e depois mãe do meu filho.”

Além das dificuldad­es práticas que essa regra social cria, também tem um impacto emocional.

Farida Sadaat casou-se quando ainda era adolescent­e e teve o seu primeiro bebé aos 15 anos. Mais tarde, ela e o marido separaram-se e ela mudou-se para a Alemanha com os quatro filhos.

Ela diz que o marido não está presente na vida dos filhos, física ou emocionalm­ente. Assim, para ela, o homem perdeu o direito de ter o seu nome impresso nas carteiras de identidade dos filhos.

“Criei os meus filhos sozinha. O meu marido recusouse a divorciar-se de mim, para que eu não pudesse casar novamente. Agora, recuso-me a deixar o nome dele na carteira de identidade dos meus filhos. Existem homens no Afeganistã­o que têm várias esposas, como o meu ex-marido, e eles não cuidam dos filhos.”

A mulher conclui pedindo ao Presidente afegão que “mude a lei e registe os nomes das mães em certidões de nascimento e identifica­ções.”

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