Um empreendedor nato
Ellis enriqueceu durante a chamada “Era Dourada” ou “Gilded Age” dos Estados Unidos, quando o país passou por grandes mudanças, com a chegada da industrialização, criando milionários. Anos antes de se estabelecer como empresário e intermediador entre investidores de Wall Street e do México, Ellis embarcou num ambicioso projecto no Texas.
O comerciante viajou para a Cidade do México em 1889 com um sócio e ambos trouxeram cartas de apresentação aos membros do alto escalão do Governo de Porfirio Díaz.
“Eles convenceram (Carlos) Pacheco (secretário de Desenvolvimento) a aprovar um contrato de 10 anos para assentar até 20 mil pessoas no México”, explica o livro.
Durante os séculos XIX e XX, “houve uma discussão considerável sobre a chamada 'colonização' de afro-americanos pelas comunidades negra e branca”, embora por razões diferentes, explica Jacoby.
Entre os brancos, observa ele, “havia essa fantasia de 'limpar' etnicamente o país, de não querer a escravidão, mas tampouco afro-americanos livres, assim que eles deveriam ser enviados de volta à África”. Entre os negros, por outro lado, o racismo estrutural abriu a porta para pensar que “fazia sentido mudar para outro lugar”.
Paralelamente, durante o Porfiriato (como ficou conhecido o Governo de Porfirio Díaz), o México investiu para atrair mais imigrantes, principalmente da Europa, para “modernizar-se como os Estados Unidos”, diz Jacoby. “Mas Ellis conseguiu convencê-los a trazer negros dos Estados Unidos.”
Sob o argumento de que “os negros eram excepcionais produtores de algodão, 'os melhores do mundo'”, o Senado mexicano aprovou, em 1889, o seu plano de imigração.
Mas os empreendedores não levantaram os recursos necessários para financiar o programa, mesmo que tenha havido interesse no Texas, explica Jacoby no livro. Isso, combinado com mudanças internas na política do México (Pacheco faleceu), fez com que o plano fosse cancelado em 1891.
Segunda tentativa
Mas Ellis não descansaria até conseguir. Após breves ambições políticas que o levaram a candidatar-se ao Congresso do Texas, em 1894, decidiu retomar o seu plano de imigração.
A assinatura de um contrato com a Companhia Agrícola Limitada de Tlahualilo levou quase mil afro-americanos a migrar para esta enorme fazenda, localizada no Norte do México, entre Durango e Coahuila, em 1895.
“Acho que este foi o maior número de afro-americanos a emigrar dos Estados Unidos como um grupo ao longo do século XIX”, diz Jacoby.