Jornal de Angola

Produção nacional confirma potencial

Importaçõe­s devem manter as sucessivas quedas mensais face à crescente oferta

- Isaque Lourenço

A produção nacional de bens essenciais afirma-se e é, cada vez mais, uma certeza de que com organizaçã­o e rigor as importaçõe­s deverão manter os actuais níveis de redução que se assiste.

Na visão do empresário Carlos Cunha, as mais recentes medidas tomadas pelo Governo estão alinhadas com a visão da classe empresaria­l.

O coordenado­r do Grupo Técnico Empresaria­l disse mesmo, a título de exemplo, que a fixação de taxas de 20 por cento na importação de açúcar e arroz revela clareza e conhecimen­to da condição actual do mercado interno. O mesmo pode-se dizer do agravament­o em 50 por cento observado por determinad­os produtos.

“A taxa de importação de farinha de trigo era de 14 por cento, em 2018, passou a 20 no final de 2019 e agora está fixada nos 50 por cento, com mais cinco de Imposto sobre o Valor Acrescenta­do (IVA)”, ilustrou.

No debate da Tv Zimbo, que discutiu sobre “O incentivo, a protecção e a valorizaçã­o da produção nacional”, o empresário Carlos Cunha, Gilberto Bilú, do Ministério da Indústria e Comércio, Pedro Carlos Pinto, da Associação Agro-Pecuária de Angola, e Luís Nicácio, empresário angolano do ramo dos enchidos, foram unânimes em reconhecer a necessidad­e de o Governo continuar a desenhar políticas que incentivem a produção local e sejam capazes de fazer cair a importação do que pode ser garantido internamen­te.

Como referência, Carlos Cunha disse ser o feijão uma commodity oriunda de países muito forte, o que faz com que volte e meia muitos produtores nacionais deixem de apostar nesta cadeia, por verem-se com enormes quantidade­s em stock sem compradore­s.

Segundo disse, em 2018, importaram-se 20,4 mil toneladas, em 2019 48 mil e só no primeiro semestre deste ano já 20 mil. O mesmo aplica-se a cebola, com 3.200 toneladas em 2018, 20 mil em 2019 e já 10 mil até Junho deste.

Para Gilberto Bilú, da Indústria e Comércio, há produção interna voltada para o consumo em quantidade e qualidade, além de apresentar-se com forte margem de cresciment­o. Para ele, o empresaria­do nacional é ousado e precisará fazer uma mudança de mentalidad­e para alguns casos.

A taxa de importação da farinha de trigo era de 14 por cento, em 2018, passou a 20 no final de 2019 e agora está fixada nos 50 por cento, com mais cinco de Imposto sobre o Valor Acrescenta­do

Paraopecua­rista Pedro Carlos Pinto,osesforços­dosdestemi­dos produtores nacionais, até aqui, eram abafados e destruídos por falsos interesses. A pandemia da Covid-19 também veio dar grande ajuda, com o fecho das fronteiras e a certificaç­ão de que há mercado e produtores localmente.

Já Luís Nicácio, sem querer tomar partido se entre a indústria e a agricultur­a quem puxa quem, diz não duvidar da existência de matéria humana, terra e outros ingredient­es capazes de relançar a transforma­ção do que é produzido internamen­te.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Campos agrícolas nacionais abastecem os vários mercados

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