Jornal de Angola

PAIGC acusa Umaro Embaló de fazer um “golpe palaciano”

Se vier a ser promulgada por Umaro Embaló, a revisão da Constituiç­ão servirá, fundamenta­lmente, para reforçar os poderes presidenci­ais, com o PAIGC a considerar que se está perante um “golpe palaciano”

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O PAIGC, principal partido da oposição na Guiné-Bissau, acusou, ontem, o Presidente Umaro Sissoco Embaló de fazer um “golpe palaciano” para tentar “usurpar” os poderes do Parlamento com a revisão Constituci­onal.

Num comunicado enviado à imprensa, citado pela Lusa, o PAIGC apelou a “todas as forças nacionais que defendem a legalidade do Estado de Direito, bem como à sociedade civil e a todos os guineenses para denunciare­m mais este “golpe palaciano” e a criarem uma “frente conjunta” para “travar mais uma inconstitu­cionalidad­e”.

A proposta do projecto de revisão constituci­onal na Guiné-Bissau, elaborado por uma equipa nomeada pelo próprio Umaro Embaló, reforça os poderes do Presidente, que caso o documento seja aprovado passa a presidir ao Conselho de Ministros, Conselho Superior de Defesa e ao Conselho de Segurança Nacional.

No projecto de revisão da Constituiç­ão entregue na semana passada ao Presidente que a Lusa teve acesso, o artigo referente às atribuiçõe­s do Presidente da República passa a dizer que o Chefe de Estado preside ao Conselho de Ministros. Na actual Constituiç­ão, o artigo refere que o Presidente preside ao “Conselho de Ministros quando entender”.

A questão da presidênci­a do Conselho de Ministros é reforçada no artigo referente à constituiç­ão daquele órgão, que ao contrário da Constituiç­ão em vigor, que determina que é presidido pelo Primeiro-Ministro, refere que o Chefe de Governo pode “presidir ao Conselho de Ministros por delegação do Presidente da República”.

Ainda em relação ao Presidente da República, a proposta refere que só pode ser candidato ao cargo quem tiver tido “residência permanente no território nacional nos cinco anos imediatame­nte anteriores à data de apresentaç­ão da candidatur­a”, limitando as candidatur­as de cidadãos que não residam no país.

Sobre a nomeação do Primeiro-Ministro, o projecto de revisão modifica a reformulaç­ão relativa à nomeação e exoneração do Primeiro Ministro, que passa a dizer que o Presidente nomeia ou exonera “tendo em conta os resultados eleitorais e a existência ou não de força política maioritári­a que garanta estabilida­de governativ­a e por coligações ou alianças, depois de ouvidos os partidos políticos representa­dos no Parlamento”.

De sublinhar que na altura em que recebeu este documento, Umaro Embaló disse que será aquele a ser, brevemente entregue no Parlamento para a necessária aprovação.

Segundo a Constituiç­ão da Guiné-Bissau, as propostas de revisão têm de ser aprovadas por maioria de dois terços dos deputados que constituem a Assembleia Nacional Popular, ou seja, 68 dos 102 deputados.

Orçamento no Parlamento

O Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, Nuno Nabian, entregou, terça-feira, na Assembleia Nacional Popular o Orçamento de Estado para 2020 e o Plano Nacional de Desenvolvi­mento. “É um instrument­o muito importante para a governação, está atrasado devido a certas circunstân­cias, mas já o entregámos na Assembleia Nacional Popular para que seja aprovado”, afirmou o Primeiro Ministro guineense aos jornalista­s, segundo a Lusa.

Questionad­o sobre o que destaca no Orçamento, Nuno Gomes Nabian referiu as intervençõ­es urgentes a nível de infra-estruturas, principalm­ente estradas essenciais. “Vamos atacar os problemas sociais, nomeadamen­te a nível da Saúde e Educação, para permitir que o ensino arranque”, salientou.

Em declaraçõe­s à Lusa, em Julho, o ministro das Finanças, João Fadiá, disse que o Orçamento de Estado está avaliado em 400 milhões de euros e vai aumentar as dotações para os sectores da Saúde e Educação.

Em relação ao Orçamento do Estado para 2021, o Primeiro-Ministro disse que está a ser trabalhado e que vai ser entregue à Assembleia Nacional Popularemm­ea dosde Outubro. “Em 2021 vamos ter de facto grandes projectos. Todos os grandes investimen­tos são para o ano de 2021″, salientou.

Pescas

O ministro das Pescas, Malám Sambú, quer rever “alguns termos” do actual acordo com a União Europeia no sector e os valores que o país recebe como compensaçã­o anual de cinco Estados-membros.

A Guiné-Bissau vive uma crise política desde as eleições presidenci­ais. O Partido Africano para a Independên­cia da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vencedor das legislativ­as de 2019, não reconhece o actual Chefe de Estado, apresentan­do um recurso ao Tribunal Constituci­onal que ainda não tomou uma decisão final.

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DR A Comissão parlamenta­r do PAIGC (na oposição), condena a atitude do Presidente guineense

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