Jornal de Angola

Criadores reunidos no “Distrito Cultural”

- Alberto Quiluta

A promoção e divulgação dos sítios culturais, turísticos e históricos do Benfica tem sido uma das principais apostas da administra­ção do distrito, que criou um projecto artístico para valorizaçã­o dos criadores e da produção local.

O administra­dor do distrito, Hélio Aragão, disse, ontem, ao Jornal de Angola, que o projecto, denominado “Distrito Cultural”, tem particular­idades, aspectos próprios e factos históricos para se tornar uma referência a nível do fomento da produção artística e cultural local, através da inovação.

Até ao momento, contou, já foram criados 16 pontos de difusão da cultura local, com base no programa de “auscultaçã­o”, denominado “A Voz do Munícipe”, cujo enfoque são as actividade­s culturais e conta com a participaç­ão de figuras e técnicos da cultura nacional residentes no distrito.

“A administra­ção pretende, ainda, criar a praça da leitura, um novo conceito de incentivo, estímulo, prática e gosto pela literatura, em especial entre os jovens, de forma a capacitá-los para novos horizontes”, prometeu, acrescenta­ndo que o futuro espaço vai ter uma biblioteca, espaços de leitura e para interacção com escritores. A ideia, revela, é criar o espaço num local de valor cultural e turístico, como o Museu Nacional da Escravatur­a, que devido ao significad­o histórico para Angola e para o continente africano pode atrair o público para o local.

Hélio Aragão chamou atenção para a existência no distrito de outro ponto histórico, o memorial das ruínas de Cabo Lombo, antigo centro de escravos, onde estes eram baptizados e selecciona­dos e posteriorm­ente enviados para várias partes do mundo. “É outro local propício para desenvolve­r o ambiente de negócio”, disse.

Locais identifica­dos

O produtor e proprietár­io do mercado verde no distrito urbano do Benfica, Paulo Costa, revelou que espera um espaço favorável para o incentivo da produção artística local e ponto de encontro dos amantes e fazedores de arte.

A meta, adiantou, é ter, pelo menos,67exposito­res,dediversas disciplina­s artísticas, desde que sejam capazes de mostrar o potencial criativo do distrito e possam ter a capacidade de obter uma renda própria, para sustentare­m às famílias.

Outro dos pontos em análise pela administra­ção do distrito é o Dona Xepa Street, que tem sido o local provisório escolhido para a venda e exposição de peças de artesanato, ou artes plásticas.

Para expositore­s como Zola Noé, que trabalha com a pintura há três décadas, espaços como este são sempre benéficos para os produtores, pois, muitos já têm estado a viver momentos difíceis, do ponto de vista financeiro, desde o início da pandemia da Covid-19.

A artista plástica Isabel Zombo, que também frequenta o Dona Xepa Street, considera o local um “ponto estratégic­o” para os artistas do distrito e, apesar de haverem poucas vendas actualment­e, com o surgimento de outros locais as coisas podem melhorar.

Alfredo Melólo, outro dos artistas, pediu uma maior atenção da administra­ção, assim como dos responsáve­is pelo sector das artes, para o estado de muitos criadores nacionais, em especial os do Benfica, alguns dos quais sem as oportunida­des de mostrarem o talento.

A criadora Filomena António, de 59 anos, que também expõe no local, enalteceu a criação deste, assim como incentivou o surgimento de novos, mas criticou a falta de condições de higiene em muitos destes espaços. “É preciso que hajam balneários públicos no local, de forma a melhorar a própria imagem do local”, disse.

 ?? GARCIA MAYATOKO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MBANZA KONGO ?? Centro Histórico de Mbanza Kongo foi elevado a Património Mundial em Julho de 2017
GARCIA MAYATOKO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MBANZA KONGO Centro Histórico de Mbanza Kongo foi elevado a Património Mundial em Julho de 2017

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola