País quer montar indústria sustentável de medicamentos
A intenção foi manifestada pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, no final da reunião da Comissão Mista Angola-Índia, realizada por videoconferência
O Governo manifestou, ontem, em Luanda, o interesse em montar no país, em colaboração com a Índia, uma indústria sustentável de medicamentos essenciais e para doenças crónicas não transmissíveis.
A intenção foi manifestada pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, no fim da primeira reunião da Comissão Mista Bilateral Angola Índia, que decorreu por videoconferência.
Durante o encontro, orientado pelos ministros das Relações Exteriores de Angola, Téte António, e da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, Sílvia Lutucuta considerou a intenção como uma das grandes prioridades do Executivo.
Segundo a ministra da Saúde, há já um acordo preparado, que pode ser assinado em breve.
“Gostaríamos que, ainda nesta legislatura, tivéssemos a oportunidade de ter uma fábrica de medicamentos a funcionar. É sempre um processo não tão linear, mas acreditamos que ainda será possível”, sublinhou.
À imprensa, a ministra defendeu, também, a necessidade da criação de fábricas de material gastável.
Em termos de formação, disse, estamos a construir grandes hospitais e esse intercâmbio na formação vai ajudar-nos a melhorar a qualidade dos nossos profissionais.
“Podemos, também, usar as tecnologias de informação, telemedicina, teleaulas que podem ajudar no programa ambicioso que temos de formação especializada aos vários níveis dos nossos quadros”, frisou.
A ministra da Saúde destacou o facto de a Índia ser uma referência mundial na fabricação de medicamentos e uma potência mundial na formação. Conta com boas estruturas hospitalares e bons programas de saúde pública.
Com a Covid-19, disse, tem havido um contributo importante da Índia a nível mundial, com uma indústria bastante forte, assim como a chinesa, na fabricação de material de biossegurança e equipamentos.
A ministra informou que Angola tem recorrido ao mercado indiano, fundamentalmente, para a aquisição de medicamentos e alguns equipamentos. Admitiu a possibilidade de quadros angolanos beneficiarem de formação na Índia.
“Também pensamos trazer para cá profissionais indianos para darem formação
em Angola e, assim, conseguirmos formar mais pessoas”, sublinhou.
Supressão de vistos
Na abertura da primeira reunião, o ministro das Relações Exteriores, Téte António, considerou “urgente" a assinatura do Acordo de Cooperação para a supressão de vistos em passaportes diplomáticos e de serviço entre os dois países.
Téte António esclareceu que o referido acordo já está em carteira, assim como, no domínio da formação, entre os institutos de Relações Internacionais dos dois países.
O aprofundamento das
relações, disse, tem sempre implicações na circulação das pessoas e a comunidade indiana está a crescer em Angola, daí o interesse e a necessidade de se olhar para outras vertentes que dizem respeito à circulação de pessoas e bens.
Sobre uma possível visita do Chefe de Estado angolano à Índia, o ministro disse que a questão não foi abordada na reunião de ontem, que serviu apenas para aprofundar as relações entre os dois países.
Depois destes passos, acrescentou, "vamos evoluir com acordos em todos esses domínios, incluindo as questões de ensino, tecnologia e
informação e outras áreas, para termos os acordos e fazer com que as equipas técnicas trabalhem para termos resultados concretos".
O ministro destacou que a reunião bilateral Angola e Índia reafirmou a vontade dos dois países em cooperarem em vários domínios e expressa, também, a vontade dos Chefes de Estado dos dois países.
A Comissão Mista Bilateral reconheceu que a parceria de desenvolvimento AngolaÍndia pode ser mais reforçada através de linhas de crédito e garantias de crédito do comprador, com vista a aumentar a capacidade das entidades angolanas em áreas como a Agricultura, Defesa, Energia, Indústria e projectos de água sustentável, saúde e farmácias.
O comunicado final refere que as partes acordaram encorajar investidores indianos nas áreas das Telecomunicações e Tecnologias de Informação e cooperação espacial, com vista a beneficiar os sectores da Saúde e da Educação.
O ministro Téte António felicitou o homólogo indiano pela eleição do país como membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU para o mandato de 2021/2022. A Índia agradeceu o apoio de Angola para a candidatura. O ministro indiano apreciou a liderança positiva de Angola na facilitação da resolução de disputas e conflitos em África através do diálogo e negociação.
A próxima sessão da Comissão Bilateral terá lugar em Nova Deli, em 2022.