Polícia diz que tudo fez para salvar vida do médico
Eduardo Cerqueira frisou que Sílvio Dala não foi colocado em nenhuma cela, tendo permanecido no piquete que funciona no quintal daquela unidade policial afecta ao município de Luanda
O comandante provincial de Luanda da Polícia Nacional, Eduardo Cerqueira, reafirmou, ontem, que os efectivos da esquadra dos Calotes, no Rocha Pinto, tudo fizeram para salvar a vida do médico Sílvio Dala, após uma recaída, no dia 1 de Setembro, no interior daquela unidade policial.
Falando em conferência de imprensa, na sala de reuniões do Comando Provincial de Luanda, o comissário-chefe Eduardo Cerqueira disse que, depois de ter sido interpelado por um agente da Polícia, por circular sem máscara dentro da viatura, o médico foi levado até à esquadra.
“Foi atendido no piquete onde devia pagar cinco mil kwanzas de multa. Como não havia multicaixa na esquadra e nas proximidades, o médico pediu, por telefone, a um familiar para que o fizesse e, logo a seguir, teve uma recaída, acabando por embater com a cabeça no chão”, explicou.
Eduardo Cerqueira frisou que Sílvio Dala não foi colocado em nenhuma cela, tendo permanecido no piquete que funciona no quintal daquela unidade policial afecta ao município de Luanda.
Durante a conferência de imprensa, os jornalistas questionaram as razões que levaram os efectivos da Polícia a levarem o médico ao hospital do Prenda, quando nas proximidades da unidade policial existe um centro de saúde denominado Alegria, que funciona 24 horas por dia.
Em resposta, o comandante provincial disse acreditar que poderia ter sido uma das soluções no momento, mas face à preocupação e ao estado do doente, os efectivos decidiram levá-lo ao Hospital do Prenda, tendo acabado por perder a vida durante o percurso.
Eduardo Cerqueira disse que a Polícia agiu somente no cumprimento do Decreto Presidencial
sobre o Estado de Calamidade, que proíbe e multa os cidadãos que circulam sem uso de máscara facial.
Acrescentou que vários cidadãos foram multados nas esquadras de Polícia por circularem sem a máscara facial, incluindo 19 efectivos da corporação, que, além de terem sido multados, foram, também, sancionados disciplinarmente.
Questionado se as unidades policiais tinham terminais de pagamento automático (TPA), o comandante provincial respondeu que, das cerca de 100 esquadras existentes em Luanda, apenas 10 têm estas máquinas, instaladas maioritariamente nos comandos municipais da Polícia.
“Por isso, exigimos que os autuados paguem as multas nos terminais multicaixa, para não ficarem muito tempo na esquadra”, disse o comandante
provincial de Luanda.
Em relação à manifestação que o Sindicato Nacional dos Médicos de Angola pretende realizar no próximo sábado, denominada “encerramento do óbito”, Eduardo Cerqueira disse que a mesma pode ser realizada desde que seja autorizada e enquadrada nos marcos legais, reafirmando que a Polícia Nacional está para fazer cumprir somente a lei.
Testemunha do caso
O comandante provincial de Luanda convidou os jornalistas a se deslocarem à esquadra dos Calotes, no Rocha Pinto, onde aconteceu o desfalecimento do médico Sílvio Dala, testemunhado pelo cidadão Eduardo Fernando Ngingi, que, na altura, se encontrava no local para apresentar uma queixa-crime contra um jovem do bairro.
Eduardo Fernando Ngingi
explicou que o médico apareceu na esquadra com um agente da Polícia. O agente, disse, perguntou ao médico se tinha um familiar próximo da esquadra, tendo respondido negativamente, mas sublinhou que tinha o número de telefone de um tio.
“O agente pegou o telefone do médico e ligou para o suposto tio. O senhor que atendeu do outro lado disse que não conhecia o médico", sublinhou a testemunha.
Acrescentou que assim que o agente desligou o telefone, o médico caiu e começou a convulsionar, a sangrar. “O agente chamou o chefe da esquadra que se preocupou em prestar ajuda”, referiu.
Fernando Ngingi afirmou que o caso ocorreu no período da tarde, mas não soube precisar, concretamente, a hora, acrescentando que o médico não foi colocado na cela.