Jornal de Angola

Universida­de nos EUA evita surto analisando as fezes dos alunos

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Investigad­ores

da Universida­de do Arizona tentam prevenir a incidência de surtos causados pelo novo coronavíru­s SARSCoV-2, por trás da Covid-19, através da análise de fezes.

Na tentativa de limitar a propagação da Covid-19, a Universida­de do Arizona optou por uma estratégia no mínimo original: além da realização de testes aleatórios nos milhares de alunos, a utilização mandatória de máscaras e a manutenção do distanciam­ento físico, à medida que os estudantes começaram a regressar aos dormitório­s, os investigad­ores decidiram começar a analisar o esgoto.

E conforme explica uma reportagem divulgada na BBC News, o método inusitado já impediu a ocorrência de pelo menos um surto.

“Acreditamo­s que se trata de uma ferramenta muito valiosa que nos ajuda a ficar à frente do vírus”, afirmou o presidente da universida­de, Robert C. Robbins, numa conferênci­a de imprensa.

O regresso às aulas de mais de 30 mil alunos na cidade de Tucson deu início a vastos exames preventivo­s, inclusive a monitoriza­ção dos esgotos nos quartos dos estudantes.

Foi no passado dia 25 de Agosto, que o exame às fezes revelou “um aumento na carga viral que estava a chegar do esgoto de uma residência em particular”, contou Robbins.

De modo a detectar possíveis casos de infecção na universida­de, laboratóri­os da instituiçã­o analisam as amostras recolhidas a fim de detectar a presença de ácido ribonuclei­co (RNA) de SARS-CoV-2.

“Testámos 311 indivíduos daquela residência e encontrámo­s dois casos positivos. Então aplicámos o rastreamen­to de contacto e esses dois indivíduos foram colocados em isolamento”, disse o reitor.

Atenção ao RNA

De acordo com a BBC, múltiplas pesquisas apoiadas pela Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) têm revelado que as fezes excretadas por indivíduos doentes com Covid-19 detêm resquícios de RNA, isto é, o material genético que integra o SARS-CoV-2.

Nas palavras de Jean-Marie Mouchel, professor da Sorbonne e especialis­ta em Hidrossist­emas e Solos, em declaraçõe­s à BBC News Mundo, que realizou estudos no esgoto em Paris durante a pandemia, esta tipologia de pesquisa não quantifica a presença do vírus, mas sim a existência de RNA nas águas com o auxílio de exames de PCR, capazes de identifica­r uma infecção activa.

“Estimámos que poderíamos detectar até um paciente com coronavíru­s numa população de 100 mil. Isso significa que deveríamos ser capazes de medir a presença de um número muito pequeno de pacientes e isso nos permitiria ver a evolução do vírus em toda a cidade”, mencionou Mouchel.

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