O sistema de ensino e a valorização do alfabetizador
Comemora-se hoje o Dia Mundial da Alfabetização, data que é assinalada em muitos países do mundo com actividades que enaltecem a importância do direito de todos os seres humanos à educação.
O primeiro Presidente da República de Angola, Agostinho Neto, percebeu a importância da alfabetização de todos os angolanos e poucos meses depois da proclamação da Independência tomou a iniciativa de em todo o país se levar a cabo campanhas de ensino de todos quantos não sabiam ler nem escrever, em particular os adultos.
Agostinho Neto sabia que sem educação para todos não era possível desenvolver o país. Um país não se faz com apenas uns poucos quadros superiores e médios, por mais competências que estes tenham.
A generalização da educação em toda a sociedade, que, à data da proclamação da Independência Nacional, tinha um elevado número de analfabetos, era tarefa prioritária, tendo o país partido em 1976 para a organização de brigadas de alfabetizadores em todo o país, os quais iam às empresas e ao campo ensinar a ler e a escrever milhares de angolanos.
Tratou-se de uma experiência valiosa, e talvez isso tenha levado o Estado a transformar a alfabetização num subsistema de ensino. É inegável, passados quase 45 anos de Independência do país, o papel importante desempenhado pelos alfabetizadores na luta contra o analfabetismo. Mas é preciso potenciar esse subsistema.
É tempo de se rever no país o estatuto do alfabetizador, enquanto elemento que pode contribuir imenso para a erradicação do analfabetismo. Já é tempo de se valorizar o trabalho que os alfabetizadores realizam ao nível da Educação.
Há notícias de que os alfabetizadores, tendo direito a subsídios, não os recebem com regularidade, como se eles não representassem uma camada importante do nosso sistema de ensino.
É preciso evitar que o subsistema de ensino de adultos (em que se inclui a alfabetização) seja subestimado, porque o país pode ganhar muito se se continuar a dotar milhares de angolanos de conhecimentos em várias áreas do saber no campo e nas cidades.
Temos em Angola adultos com menos de trinta anos de idade e que são analfabetos, mas que, aprendendo a ler e a escrever e continuando a aumentar os seus conhecimentos, podem ser úteis em diferentes áreas produtivas ao crescimento económico e ao desenvolvimento do país. Que os alfabetizadores não sejam considerados os parentes pobres do sistema de ensino e que lhe sejam dados os apoios necessários para que eles sejam também parte da resolução de muitos dos nossos problemas.