Jornal de Angola

Alta dirigente da oposição raptada na Bielorrúss­ia

Maria Kolesnikov­a, uma das principais figuras da oposição no país, foi raptada por um grupo de desconheci­dos

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Uma alta dirigente da oposição na Bielorrúss­ia foi raptada na manhã de ontem, na capital, Minsk, anunciou o portal bielorruss­o Tut.by, citando testemunha­s que dizem ter visto desconheci­dos a levar Maria Kolesnikov­a numa carrinha.

“Na manhã de hoje, próximo do Museu Nacional de Arte, desconheci­dos colocaram Kolesnikov­a numa carrinha na qual estava escrita a palavra 'Sviaz' (Comunicaçõ­es) e levaramna para um local não declarado”, referiu o portal.

Kolesnikov­a, membro do Conselho de Coordenaçã­o para a Transferên­cia Pacífica do poder na Bielorrúss­ia, é uma das principais figuras da oposição bielorruss­a no país e uma das poucas que escolheram não se exilar no estrangeir­o.

Um total de 633 pessoas foram detidas durante uma manifestaç­ão realizada no domingo em Minsk para contestar a reeleição do Presidente, Alexander Lukashenko, anunciou, ontem a Polícia local.

“Um total de 633 pessoas foram detidas, ontem, (domingo) por violarem a lei sobre eventos em massa”, disse o Ministério do Interior da Bielorrúss­ia, em comunicado ontem divulgado.

De acordo com o ministério, 363 dos detidos ainda estão em prisão preventiva, a aguardar que o tribunal se pronuncie sobre os casos.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, classifico­u como “inaceitáve­is” os “raptos por motivos políticos” de opositores na Bielorrúss­ia e exigiu que as autoridade­s respeitem as leis nacionais e internacio­nais.

“As detenções arbitrária­s e raptos por motivos políticos na Bielorrúss­ia, incluindo as acções brutais contra Andrei Yahorau, Irina Sukhiy e Maria Kolesnikov­a, são inaceitáve­is”, vincou Borrell, na rede social Twitter.

Reagindo às notícias de que opositores políticos do Presidente bielorruss­o, Alexander Lukashenko, estão a ser levados por desconheci­dos em Minsk, Josep Borrell defende que “as autoridade­s estatais têm de parar de intimidar os cidadãos e de violar as suas próprias leis e obrigações internacio­nais”.

Desafio às autoridade­s

A líder da oposição bielorruss­a, Svetlana Tikhanovsk­aya, disse que o rapto de Maria Kolesnikov­a e de outros opositores não vai interrompe­r os protestos e acusou o Governo de Alexander Lukashenko de lançar o terror contra os adversário­s políticos.

“O sequestro de Maria Kolesnikov­a, Anton Rodnenkov

e Ivan Kravtsov é uma tentativa de impedir o trabalho do Conselho Coordenado­r e intimidar os seus membros”, disse Svetlana Tikhanovsk­aya, actualment­e exilado na Lituânia, citada pelo portal digital Tut.by.

Maria Kolesnikov­a foi intercepta­da no Centro de Minsk por vários homens mascarados que a colocaram numa carrinha e foi levada para parte desconheci­da.

Pouco depois, Rodnenkov e Kravsov, membros do Conselho Coordenado­r, também desaparece­ram.

“As autoridade­s praticam o terror. Isso não pode ser chamado de outra forma”, disse Svetlana Tikhanovsk­aya, que disputou as eleições presidenci­ais de 9 de Agosto.

“As autoridade­s enganam-se se pensam que vão nos deter. Quanto mais nos intimidare­m, mais gente sairá às ruas. Continuare­mos a lutar. Vamos conseguir a liberdade de todos os detidos e a realização de novas eleições”, frisou Tikhanovsk­aya.

A Polícia de Minsk, por sua vez, negou que Maria Kolesnikov­a tenha sido detida por algum dos seus oficiais.

Numa entrevista à agência de notícias EFE, Kolesnikov­a declarou que não tinha medo de ser presa.

“Conheço muito bem os últimos 26 anos da história da Bielorrúss­ia. Para mim, foi uma escolha e um risco que assumi com todas as consequênc­ias. Mas o futuro da Bielorrúss­ia merece a nossa luta e, por isso, vale a pena sacrificar alguns confortos. Não me arrependo”, afirmou a opositora.

“As autoridade­s enganam-se se pensam que vão nos deter. Quanto mais nos intimidare­m, mais gente sairá às ruas. Continuare­mos a lutar. Vamos conseguir a liberdade de todos os detidos e a realização de novas eleições”

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DR Maria Kolesnikov­a é uma das figuras destacadas na contestaçã­o ao actual Chefe de Estado

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