A pureza e a justiça
Instituído em 1950 pela Organização Internacional dos Jornalistas (OIJ) para assinalar a data da morte do jornalista e escritor Julius Fuscik, em 1943, o Dia Internacional do Jornalista, 8 de Setembro, constitui uma homenagem a todos os profissionais que actuam nesta área, incluindo todos os que na imprensa, rádios, televisões e agora também na Internet, sejam repórteres, redactores, fotógrafos, editores e outros, que lidam com notícias e factos.
Noves fora toda a polémica criada à volta da data e a instituição de outras efemérides, como o 3 de Maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, ou o 2 de Novembro, Dia Internacional
pelo Fim da Impunidade de Crimes contra Jornalistas, ambas pela ONU, em 1993 e 2013, o 8 de Setembro continua a ser assinalado em diversos países do Mundo e todos os jornalistas sentem, de alguma forma, ser reconhecido o seu trabalho e a sua preocupação de manter o público informado.
Quanto mais não seja que Julius Fuscik, assassinado a 8 de Setembro pela Gestapo, recebeu em 1950, a título póstumo, o prémio internacional da Paz do Conselho Mundial da Paz. Conhecido pelas contribuições para o jornalismo e a literatura, bem como pela participação como líder da resistência antinazista na antiga Checoslováquia, Fuscik deixou um legado que a muitos honra pela justeza e integridade.
Daí que ao assinalar a data do seu assassinato, se procure também honrar os jornalistas que morreram no exercício da sua profissão. O facto de o autor de “Reportagem Sob a Forca”, livro publicado postumamente pela esposa, nascido em Praga aos 23 de Fevereiro de 1903, ter sido membro destacado do Partido Comunista da Checoslováquia, faz com que alguns procurem nisso motivos para criar ondas, sem se dignarem lê-lo.
Hoje em dia, novas ameaças e novos desafios colocam-se ao Jornalismo, mas o facto é ser a consciência de cada um determinante para levar adiante os reais propósitos da classe. “Não basta que seja pura e justa/ a nossa causa/ É necessário que a pureza e a justiça/existam dentro de nós.” – esta frase de Agostino Neto, do poema “Do Povo Buscamos a Força”, deve servir de farolim para os jornalistas da Angola de agora.