Bonga celebra aniversário no palco do Teatro Capitólio
Extrovertido e versátil no gingar do compasso musical, Barceló de Carvalho “Bonga Kwenda” apresentou-se em palco na noite de domingo, no Teatro Capitólio, em Lisboa, num show vibrante, contagiante e, acima de tudo, comemorativo do seu 78º aniversário natalício.
Com um guião repleto de grandes temas de sucesso e pouco mais de duas horas de espectáculo, Bonga Kwenda, que entrou em palco ao ritmo da música folclórica angolana, sob a responsabilidade do grupo tradicional Jovens do Hungo, cedo mostrou que a idade não é razão impeditiva para “gingar” em palco e relembrar os tempos de mocidade.
Sem “travão” e sem meias medidas, como que a querer dizer que quanto mais velho está mais jovem continua, o artista, sempre com o seu instrumento (dikanza) predilecto em mão, “soltou asas” e “voou” em palco, em tom de aviso para uma noite memorável para os convidados que assistiram ao vivo e para os milhares de fãs espalhados pelo mundo que acompanharam via TPA 1 e nas redes sociais, por via da transmissão da Platineline.
Sempre ao seu jeito, e em troca constante de conversa com a plateia, proporcionou, durante a sua actuação, uma verdadeira lição do bem cantar, provocando entre os presentes lágrimas de nostalgia.
E, com uma “Lágrima no canto do olho”, aproveitou a oportunidade para homenagear os companheiros Waldemar Bastos e Carlos Burity, falecidos recentemente.
Mas, antes, e como manda a tradição angolana: não há festa sem convidados, o palco foi assaltado pela cantora Deusa, que teve a honra de cantar “Kalunga Nguma”, para depois seguir uma sequência com “Homem do saco”, “Ngana Ngonga”, “Kaxexe”, “Água rara” e “Diakandumba”.
Com o clima esquentado e uma noite cheia de surpresas, o público viu Té Macedo cantar “Mulemba Xangola”, Dom Kikas interpretar “Kisselenguenha”, e Anastácia Carvalho, com “Parabéns Bonga”, deixando o artista encabulado e sem reacção.
Se Anastácia Carvalho, que lhe ofereceu, no final da sua actuação, um quadro com a sua imagem, deixou-o sem palavras, já o “discípulo” Yuri da Cunha cantou “Kamacove” e “Bonga Kwenda”, electrizando ainda mais uma noite que já estava imprópria para cardíacos, deixando os presentes sem “travão e parede” para se encostar.
De “língua afiada” não só para a música, mas também para o diálogo com a assistência, Bonga foi ao baú tirar “Marimbondo”, “Mariquinha”, “Frutas da vontade” e “Sambila”.
Em duas horas, Bonga revisitou o seu rico e vasto repertório, fechando a noite, numa altura em que os ponteiros dos relógios apontavam para as 23h50, com “Jingonça”, na companhia dos Jovens do Hungo, grupo com o qual abriu o concerto.