Ordem dos Médicos condena comportamento da corporação
A Ordem dos Médicos de Angola solicitou, ontem, uma nova investigação, independente, sobre as circunstâncias da morte do médico Sílvio Dala, falecido depois de ter sido abordado pela Polícia Nacional por não usar máscara facial.
Num comunicado de imprensa, assinado pela bastonária, Elisa Gaspar, a Ordem dos Médicos de Angola solicita “a imediata revisão do Decreto Presidencial que obriga o uso de máscara a indivíduos que transitem sozinhos nas suas viaturas, uma vez que, apesar de haver alguma controvérsia sobre o assunto, não existem evidências científicas suficientes para sustentar tal implementação massiva”.
A Ordem lembra que aquela classe de profissionais “perde mais um dos poucos médicos que tem e centenas de crianças perderam o seu médico e a oportunidade de seguimento por um profissional qualificado”.
“A Ordem dos Médicos de Angola lamenta profundamente a morte prematura deste profissional numa altura em que o país enfrenta uma pandemia que muito exige dos pouquíssimos profissionais no activo”, lê-se no documento.
Sobre a Polícia, a Ordem condena o seu comportamento “que, ignorando todos os factores atenuantes, prescindiu do seu papel pedagógico, levando para a esquadra um profissional devidamente identificado, visivelmente esgotado fisicamente por ter cumprido mais de 32 horas de trabalho seguidas, usando obrigatoriamente a máscara facial no seu local de trabalho, tendo por isso optado por ficar alguns minutos respirando ar puro enquanto se dirigia para casa, sozinho, na sua própria viatura”.
Depois de avaliar os factos, a Ordem dos Médicos de Angola considera pouco claras as circunstâncias em torno da detenção e morte do médico, “uma vez que são desencontrados os pronunciamentos da Polícia Nacional, surgindo uma zona cinzenta por esclarecer”.
Segundo o documento, “uma simples observação do hábito externo do cadáver evidencia claramente um ferimento significativo, com abundante sangramento, o que geralmente não acontece com simples escoriações”.