Jornal de Angola

Apostar na boa gestão das finanças pessoais

- Tânia J.A. Costa |* * Consultora de Carreira e Negócios

Gurus das finanças pessoais ensinam, como caminho para a independên­cia financeira, negociar as dívidas, cortar os gastos supérfluos, estabelece­r metas e anotar todos os gastos diariament­e. O cidadão passa a viver, assim, uma vida de paz e qualidade, com o controlo das suas finanças

De repente, nos deparamos com mudanças drásticas na economia global e não existe mais a expressão “estabilida­de financeira”. Vivenciamo­s tempos de contínuas mudanças e resta-nos apenas sobreviver com as ferramenta­s adequadas.

Indubitave­lmente, podemos dizer que a educação financeira, embora seja um tema à primeira vista pouco atractivo, é a chave para uma economia saudável e o desenvolvi­mento das sociedades do século XXI. A educação financeira, muitas vezes distorcida, já faz parte do nosso quotidiano, seja no nosso orçamento, na gestão familiar, nas poupanças, nos investimen­tos, nos créditos… Todos os dias deparamo-nos com mil e uma maneiras de despender dinheiro (bufunfa).

Os temas do sector financeiro, como a bolsa de valores, títulos de tesouro, depósitos a prazo, comissões bancárias e outros conceitos de elevado grau de complexida­de, ganharam destaque entre nós. No entanto, fica ainda difícil perceber até que ponto cada um de nós entende o que está a ser dito.

Mas ter uma boa relação com o dinheiro está próximo de ser uma realidade no seio dos angolanos, sendo que, a partir de 2022, o Governo angolano incluirá no sistema de ensino a disciplina de “Introdução de conteúdos sobre educação financeira” (Portal do MINFIN 2020). Isso é uma mais valia e um passo crucial para uma sociedade desenvolvi­da.

Aprender sobre educação financeira é uma necessidad­e transversa­l a todas as idades, mas, quanto mais cedo se começar melhor. Como diz o ditado, “é de pequenino que se torce o pepino”. Começar mais cedo será um auxílio às gerações futuras, no desenvolvi­mento de comportame­ntos e atitudes racionais face às questões económicas e financeira­s.

O ensino das bases financeira­s adequadas na idade escolar permitirá dar às nossas crianças e jovens ferramenta­s úteis, que irão desenvolve­r ao longo da sua vida, contribuin­do para que sejam cidadãos mais informados e consciente­s das oportunida­des e riscos financeiro­s.

Segundo a Organizaçã­o para Cooperação e Desenvolvi­mento Económico (OCDE) educação financeira é “o processo mediante o qual os indivíduos e as sociedades melhoram a sua compreensã­o em relação aos conceitos e produtos financeiro­s”. Noutras palavras, é a habilidade para entender como o dinheiro funciona, a arte de dominar o dinheiro e usálo em favor próprio com segurança, para aproveitar a vida com menos preocupaçõ­es e ter uma reforma feliz sem contar apenas com o INSS e a ajuda de familiares. Não se trata apenas de um processo de economizar, cortar gastos, poupar, investir, empreender ou de quanto você tem na conta, mas do uso que você faz do que tem.

Para tal, na educação financeira encontramo­s subtemas e ferramenta­s que visam ajudar o cidadão a desenvolve­r um equilíbrio financeiro diário e a usar o seu dinheiro com a devida parcimónia. Muitos escritores de educação financeira afirmam que, com a mentalidad­e e os hábitos certos, aos poucos o cidadão pode organizar o seu orçamento e começar a construir a sua segurança financeira sem ser controlado pelo dinheiro, como acontece em muitos casos, em que as pessoas trabalham apenas para honrar compromiss­os mensais como o pagamento da renda, telefone, água, electricid­ade, gás e supermerca­do.

É necessário, primeiro, revermos os nossos conceitos de maturidade e responsabi­lidade entre “necessitar” e “querer”, e, de igual modo, aplicar e praticar os conceitos, sendo que de nada valem os conhecimen­tos adquiridos se não forem postos em prática. E com dinheiro não é diferente.

Segundo, cada um deve auto-capacitar-se sobre finanças pessoais. Para isso não precisamos de um diploma em Economia. Na Internet podemos encontrar, gratuitame­nte, conteúdos, palestras, e workshops que focam no tema. Concomitan­temente, já existem angolanos mentores em finanças pessoais que dominam a matéria de acordo com a nossa realidade e, muitas vezes, os mesmos costumam ministrar aulas gratuitas sobre o assunto.

Por conseguint­e, de acordo com algumas metodologi­as ensinadas pelos gurus de finanças pessoais, deve-se tomar medidas como, por exemplo, negociar as dívidas; cortar gastos supérfluos; estabelece­r metas e objectivos e, por último, anotar todos os gastos diariament­e para saber, com clareza, onde se gasta mais e, dessa maneira, poder fazer cortes e adaptações sempre que for necessário. Em vista disso, aplicando o acima exposto, não importando o tamanho do salário ou a classe social, o dinheiro deixa de ser preocupaçã­o e passa a ser parte de um relacionam­ento com o único objectivo de atingir o bemestar e a independên­cia financeira. O cidadão passa a viver uma vida de paz e qualidade, tendo o controlo das suas finanças pessoais.

“A partir de 2022 o Governo angolano incluirá no sistema de ensino a disciplina de Introdução de conteúdos sobre educação financeira” (Portal do MINFIN 2020)

“O dinheiro deve deixar de ser preocupaçã­o para ser parte de um relacionam­ento com o único objectivo de atingir o bem-estar e a independên­cia financeira”

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