Apostar na boa gestão das finanças pessoais
Gurus das finanças pessoais ensinam, como caminho para a independência financeira, negociar as dívidas, cortar os gastos supérfluos, estabelecer metas e anotar todos os gastos diariamente. O cidadão passa a viver, assim, uma vida de paz e qualidade, com o controlo das suas finanças
De repente, nos deparamos com mudanças drásticas na economia global e não existe mais a expressão “estabilidade financeira”. Vivenciamos tempos de contínuas mudanças e resta-nos apenas sobreviver com as ferramentas adequadas.
Indubitavelmente, podemos dizer que a educação financeira, embora seja um tema à primeira vista pouco atractivo, é a chave para uma economia saudável e o desenvolvimento das sociedades do século XXI. A educação financeira, muitas vezes distorcida, já faz parte do nosso quotidiano, seja no nosso orçamento, na gestão familiar, nas poupanças, nos investimentos, nos créditos… Todos os dias deparamo-nos com mil e uma maneiras de despender dinheiro (bufunfa).
Os temas do sector financeiro, como a bolsa de valores, títulos de tesouro, depósitos a prazo, comissões bancárias e outros conceitos de elevado grau de complexidade, ganharam destaque entre nós. No entanto, fica ainda difícil perceber até que ponto cada um de nós entende o que está a ser dito.
Mas ter uma boa relação com o dinheiro está próximo de ser uma realidade no seio dos angolanos, sendo que, a partir de 2022, o Governo angolano incluirá no sistema de ensino a disciplina de “Introdução de conteúdos sobre educação financeira” (Portal do MINFIN 2020). Isso é uma mais valia e um passo crucial para uma sociedade desenvolvida.
Aprender sobre educação financeira é uma necessidade transversal a todas as idades, mas, quanto mais cedo se começar melhor. Como diz o ditado, “é de pequenino que se torce o pepino”. Começar mais cedo será um auxílio às gerações futuras, no desenvolvimento de comportamentos e atitudes racionais face às questões económicas e financeiras.
O ensino das bases financeiras adequadas na idade escolar permitirá dar às nossas crianças e jovens ferramentas úteis, que irão desenvolver ao longo da sua vida, contribuindo para que sejam cidadãos mais informados e conscientes das oportunidades e riscos financeiros.
Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) educação financeira é “o processo mediante o qual os indivíduos e as sociedades melhoram a sua compreensão em relação aos conceitos e produtos financeiros”. Noutras palavras, é a habilidade para entender como o dinheiro funciona, a arte de dominar o dinheiro e usálo em favor próprio com segurança, para aproveitar a vida com menos preocupações e ter uma reforma feliz sem contar apenas com o INSS e a ajuda de familiares. Não se trata apenas de um processo de economizar, cortar gastos, poupar, investir, empreender ou de quanto você tem na conta, mas do uso que você faz do que tem.
Para tal, na educação financeira encontramos subtemas e ferramentas que visam ajudar o cidadão a desenvolver um equilíbrio financeiro diário e a usar o seu dinheiro com a devida parcimónia. Muitos escritores de educação financeira afirmam que, com a mentalidade e os hábitos certos, aos poucos o cidadão pode organizar o seu orçamento e começar a construir a sua segurança financeira sem ser controlado pelo dinheiro, como acontece em muitos casos, em que as pessoas trabalham apenas para honrar compromissos mensais como o pagamento da renda, telefone, água, electricidade, gás e supermercado.
É necessário, primeiro, revermos os nossos conceitos de maturidade e responsabilidade entre “necessitar” e “querer”, e, de igual modo, aplicar e praticar os conceitos, sendo que de nada valem os conhecimentos adquiridos se não forem postos em prática. E com dinheiro não é diferente.
Segundo, cada um deve auto-capacitar-se sobre finanças pessoais. Para isso não precisamos de um diploma em Economia. Na Internet podemos encontrar, gratuitamente, conteúdos, palestras, e workshops que focam no tema. Concomitantemente, já existem angolanos mentores em finanças pessoais que dominam a matéria de acordo com a nossa realidade e, muitas vezes, os mesmos costumam ministrar aulas gratuitas sobre o assunto.
Por conseguinte, de acordo com algumas metodologias ensinadas pelos gurus de finanças pessoais, deve-se tomar medidas como, por exemplo, negociar as dívidas; cortar gastos supérfluos; estabelecer metas e objectivos e, por último, anotar todos os gastos diariamente para saber, com clareza, onde se gasta mais e, dessa maneira, poder fazer cortes e adaptações sempre que for necessário. Em vista disso, aplicando o acima exposto, não importando o tamanho do salário ou a classe social, o dinheiro deixa de ser preocupação e passa a ser parte de um relacionamento com o único objectivo de atingir o bemestar e a independência financeira. O cidadão passa a viver uma vida de paz e qualidade, tendo o controlo das suas finanças pessoais.
“A partir de 2022 o Governo angolano incluirá no sistema de ensino a disciplina de Introdução de conteúdos sobre educação financeira” (Portal do MINFIN 2020)
“O dinheiro deve deixar de ser preocupação para ser parte de um relacionamento com o único objectivo de atingir o bem-estar e a independência financeira”