Missas dentro das regras sanitárias
A paróquia estava preparada para a missa dominical. O novo horário e as normas de biossegurança estão afixados à entrada da igreja
Por volta das 7 horas da manhã de ontem havia cerca de 30 pessoas à frente da porta da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, na Baixa de Luanda. Via-se crianças, jovens e adultos. Uns de pé, alguns sentados no chão e outros encostados às paredes e viaturas. Aguardavam que as portas da igreja se abrissem.
Uma mulher disse que tinha acordado às cinco horas da manhã. A ansiedade de voltar ao culto era muita e queria garantir lugar na primeira missa dominical, caso houvesse alguma enchente, mas não foi o caso. As pessoas apareciam aos poucos, sem dar espaço para aglomerações.
A Paróquia estava preparada para a missa dominical. O novo horário e as normas de biossegurança estão afixados à entrada . A primeira missa dominical de domingo começa às 8h00 e a segunda às 11h00.
No quintal, jovens escuteiros criavam as condições de biossegurança. Colocaram à disposição água e sabão, medidores de temperatura e havia, também, uma cabine de descontaminação à entrada da igreja. Todos tinham que passar por aquele processo antes de entrar, sentar e ajoelhar-se diante do altar do Senhor. Um jovem, na fila, brincou. Disse que aquele processo seria de purificação.
Da rua para o quintal da Paróquia, os crentes mediam a temperatura. Depois, quem tivesse o álcool em gel, higienizava as mãos e passava directo para a cabine de descontaminação, colocada a escassos metros da entrada da igreja. Quem não tivesse o álcool em gel, fazia o desvio para a secção da lavagem das mãos com água e sabão. Ao passarem pela cabine de descontaminação, a palavra de ordem era “entra, levante as mãos, gira e passa”.
As pessoas entravam e sentavam em bancos corridos, de cerca de três metros de comprimento. Eram cerca de 30 assentos, o que permitiu a entrada de 109 crentes e sentarem à distância de um metro. Três pessoas em cada banco, distantes uma das outras. Nos bancos havia ainda placas com a informação “sentar aqui” e desenhos de bonecos sentados.
Bancos preenchidos, todos higienizados e com máscaras nos rostos, a missa começou. Do lado de fora tinham sido colocados mais assentos para pelo menos 30 pessoas. Mesmo com máscaras, o coro cantou e os crentes acompanharam. O frei Miguel deu as boasvindas aos crentes, depois de quase seis meses de ausência.
O pároco rendeu graças pela retoma dos cultos e disse que aquele era um domingo de ansiedade, expectativas e esperança. Era, também, um momento de conforto depois de muito tempo. Durante a homilia, frei Miguel disse que “o momento em que vivemos, por causa da pandemia, não é de todo negativo”, porque “muitos tiveram a oportunidade de fortalecer os laços familiares”. O sacerdote lamentou as mortes por Covid-19.
No momento do ofertório, os balaios não andaram de assento a assento como era costume. Foram colocados cestos à frente, no meio e atrás. Cada um, levantava-se e ia, organizadamente, depositar a oferta. Foi um momento que durou pouquíssimos minutos.
A saudação entre os fiéis foi marcada por um simples aceno ou inclinação da cabeça.
Nada de abraços ou apertos de mão. O pregador chamava constantemente a atenção para a obediência às normas de biossegurança.
No momento da comunhão, o mais aguardado por todos, o sacerdote desinfectou as mãos antes de pegar no cálice e na hóstia.
Os que podiam participar levantavam-se, organizadamente, um atrás do outro, com o distanciamento necessário. Com ajuda dos escuteiros, dirigiam-se até ao sacerdote, estendiam a mão e recebiam o “corpo de Cristo”.
A missa durou mais de uma hora. Os fiéis manifestaramse felizes por terem regressado aos cultos e ao convívio entre irmãos. A crente Emília vive na lha do Cabo. Acordou às cinco horas para garantir lugar. Apesar de muitas restrições, disse que “vale a pena frequentar novamente os cultos”.
Todos tiveram que abandonar o interior da igreja e o quintal para serem desinfectados e dar lugar aos crentes que tinham de assistir a missa das 11 horas.