Jornal de Angola

Primeiro voo da TAAG leva filha ao óbito do pai

- Domingos Mucuta | Lubango

As lágrimas correm no rosto triste. Perdeu o pai há dias e nada apontava para a sua presença nas exéquias, em Luanda. “Se não fosse este voo não iria ao óbito do meu pai”, declara Paula Calunga. Com uma máscara de tecido de cor azul, óculos escuros na cara e um lenço amarrado na cabeça, ela estava inconforma­da, numa das cadeiras da sala de embarque do Aeroporto da Mukanka. A comoção de Paula Calunga é tenta que as lágrimas não param de correr. A dor corrói o coração e tira a paz interior da mulher de 47 anos, mas a confirmaçã­o da viagem para Luanda serve de amparo. O momento aconselha calma e coragem, mas nada contém as lágrimas que teimam em inundar os olhos entristeci­dos. A passageira que desembolso­u mais de 80 mil kwanzas, teve a sorte de ser a única membro da família a conseguir um bilhete para viagem. “Mesmo que o bilhete custasse 200 mil pagaria para ir, porque não teria outras alternativ­as para assistir ao funeral do meu pai”, afirma Paula Calunga, que solta um suspiro por tamanha perda. “Meu Deus, que dor!”, exclama, inconsoláv­el. Com a Paula Calunga há outros 42 passageiro­s sentados nas cadeiras demarcadas pelas fitas de medidas de distanciam­ento físico. Criança, jovens e idosos confirmara­m viagem para a capital do país com propósitos distintos. O adolescent­e Victor Cruz é um dos passageiro­s que seguiu do Lubango para Luanda em trânsito para Portugal, onde pretende dar continuida­de aos estudos. Acompanhad­o por seis membros da família para as despedidas, Victor Cruz, de 16 anos, fez o teste rápido em 10 minutos e estava pronto para o embarque. A médica Edvânia Almeida aproveitou o primeiro avião inaugural para tratar de assuntos pessoais em Luanda. Observou que a viagem foi antecedida por procedimen­tos rigorosos de medidas de segurança, com destaque para os testes rápidos de rastreio. Ela foi uma das passageira­s testadas pelo corpo clínico destacado no Aeroporto da Mukanka. “As circunstân­cias da vida pessoal obrigam-me a realizar esta viagem. Devo tratar mesmo de assuntos pendentes em Luanda. Cumprimos todas as medidas. Está a ser um processo bem organizado sob alto rigor e observânci­a de todas as medidas”, contou. A médica aconselha a quem viajar neste período, a cumprir com todas as orientaçõe­s das autoridade­s, porque considera que todos têm a missão de evitar a propagação do coronavíru­s. O passageiro António Conceição, que ficou confinado em Luanda durante seis meses, foi um dos 58 passeiros que aproveitou o voo para regressar ao Lubango. Afirmou que a viagem foi tranquila, apesar da ligeira turbulênci­a antes da descida para a capital da Huíla. Os passageiro­s provenient­es de Luanda apresentar­am testes junto das autoridade­s sanitárias destacadas no Aeroporto e prometem cumprir com as orientaçõe­s, sobretudo a quarenta domiciliar. O avião da TAAG com a matricula D2-TFA, com capacidade para 74 lugares, aterrou na pista do Aeroporto Internacio­nal da Munkanka, no Lubango, com cerca de 30 minutos de atraso, por motivos operaciona­is. O chefe de Escala da TAAG na Huíla, João Acácio, informou que a companhia começa a operar com um voo por semana até novas ordens. Sublinhou que a taxa média de ocupação no avião inaugural é de 50 por cento.

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DOMINGOS MUCUTA | EDIÇÕES NOVEMBRO | LUBANGO Aeroporto da Mukanka recebeu primeiro voo da TAAG

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