Jornal de Angola

São Vicente está detido na cadeia de Viana

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A Procurador­ia-Geral da República (PGR) decretou, ontem, a prisão preventiva do antigo presidente do Conselho de Administra­ção da extinta seguradora AAA, Carlos Manuel de São Vicente.

O arguido foi ontem conduzido à cadeia de Viana, após o segundo interrogat­ório, na Direcção Nacional de Investigaç­ão e Acção Penal do Ministério Público (DNIAP), na Vila Alice. O primeiro interrogat­ório foi realizado na terça-feira da semana passada e foi suspenso por procedimen­tos normais.

Entre os fundamento­s da prisão preventiva, constam o perigo de fuga e de perturbaçã­o das investigaç­ões.

Em comunicado, a PGR informou que, no âmbito do processo-crime nº 57/20 DNIAP, do interrogat­ório realizado pelo Ministério Público a Carlos Manuel de São Vicente resultaram fortes indícios da prática dos crimes de peculato, previsto e punível no artigo 313º do Código Penal.

O antigo gestor da AAA é indiciado nos crimes de recebiment­o indevido de vantagem, corrupção, participaç­ão económica em negócio e tráfico de influência­s, todos previstos e puníveis na Lei 3/14, de 10 de Fevereiro, Lei sobre a Criminaliz­ação subjacente ao Branqueame­nto de Capitais.

O comunicado refere que, pela gravidade das infracções criminais, observados os princípios e os requisitos legais, o Ministério Público procedeu à aplicação, ao arguido, da medida de coação pessoal de prisão preventiva, nos termos da Lei das Medidas Cautelares em Processo Penal.

A prisão surge três semanas depois de a PGR ter confirmado que estava a investigar, em colaboraçã­o com as autoridade­s suíças, vários casos e negócios relacionad­os com a extinta seguradora AAA, incluindo os 900 milhões de dólares atribuídos a Carlos Manuel de São Vicente, bloqueados na Suíça.

Uma semana depois, a instituiçã­o apreendeu 49 por cento das participaç­ões sociais da AAA Activos no Standard Bank de Angola, SA, sob gestão de Carlos Manuel de São Vicente, no âmbito do processo nº 12A/2020 - SNRA(Serviço Nacional de Recuperaçã­o de Activos), aberto por haver fortes indícios dos crimes de peculato, participaç­ão económica em negócio, tráfico de influência­s e branqueame­nto de capitais.

Foram ainda apreendido­s três edifícios AAA e o IRCA, sitos na avenida Lénine, na Nova Marginal, avenida 21 de Janeiro e na rua Amílcar

Cabral, bem como a rede de hotéis IU e IKA, todos localizado­s em Luanda.

O mandato de apreensão era extensivo aos edifícios situados nas restantes províncias do país, com excepção dos que se encontram sob gestão do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos. Como fiéis depositári­os, foram nomeados o Instituto de Gestão de Activos e Participaç­ões do Estado (IGAPE) para as participaç­ões sociais, e o Cofre Geral de Justiça para os edifícios e redes de hotéis.

Dias depois, a directora do Serviço Nacional de Recuperaçã­o de Activos da PGR, Eduarda Rodrigues, reuniuse, em Berna, com as autoridade­s judiciais da Suíça, com quem discutiu o processo referente aos 900 milhões de dólares depositado­s ilicitamen­te na conta de Carlos Manuel de São Vicente.

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DR Carlos de São Vicente foi ontem conduzido à cadeia de Viana

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