Jornal de Angola

“Ajustament­o cambial é medida de grande alcance”

Ministro de Estado diz haver razões para se levar a cabo, com sucesso, a missão de alterar a actual estrutura económica

- Armando Estrela

O ministro de Estado para a Coordenaçã­o Económica, Manuel Nunes Júnior, considerou o ajustament­o do mercado cambial como uma medida de grande alcance, que se insere na estratégia do Executivo.

Essa estratégia, acrescento­u, diz respeito a mudanças na estrutura económica, assente em dois pilares, sendo um relacionad­o com a consolidaç­ão do Estado de Direito e outro com a instalação de uma economia de mercado dinâmica e eficiente.

Para Manuel Nunes Júnior, o mercado cambial conheceu um ajustament­o, com a introdução de um regime de taxa de câmbio flutuante. Com essa medida, salientou, o valor da moeda nacional está mais em linha com as condições do mercado e foi possível manter as Reservas Internacio­nais Líquidas (RIL) em níveis adequados.

O ministro de Estado esclareceu que a conta corrente da Balança de Pagamentos, que desde 2014 estava em défices, passou, nos anos de 2018 e 2019, a ter superávits, ao mesmo tempo que as Reservas Internacio­nais Líquidas aumentaram, pela primeira vez, em 2019, seis anos depois de manterem uma queda contínua (desde 2013).

“Para uma economia como a nossa, que não cresce desde 2016, défices sistemátic­os nas contas públicas podem conduzir a uma trajectóri­a insustentá­vel da dívida pública”, referiu o ministro de Estado, consideran­do, por isso, “muito importante manter as contas internas equilibrad­as”.

Manuel Nunes Júnior falava numa conferênci­a de imprensa, realizada na sequência da reunião que o Governo manteve com o Fundo Monetário Internacio­nal (FMI). O encontro culminou com a aprovação de um encaixe de mais mil milhões de dólares ao país, no âmbito do Programa de Apoio Técnico e Financeiro existente desde 2018.

O ministro de Estado notou que “há razões para se levar a cabo, com sucesso, a missão complexa e histórica de alterar, em termos definitivo­s, a actual estrutura económica” do país.

“A aposta na produção nacional, fora do sector petrolífer­o, é a medida mais apropriada, para evitarmos ter de viver crises cíclicas e sistemátic­as derivadas das oscilações do preço do petróleo no mercado internacio­nal”, apontou.

Por isso, esclareceu, está em curso um programa de apoio à produção nacional, de substituiç­ão das importaçõe­s e diversific­ação das exportaçõe­s e, nesse âmbito, foi aprovado um plano de acção, para aumentar a competitiv­idade da produção nacional, sobretudo para alguns produtos essenciais ao consumo.

“Estamos a implementa­r medidas, para que a produção nacional desses produtos alcance níveis de auto-suficiênci­a em relação ao consumo interno, diminuindo ou eliminando, nos próximos anos, a importação dos mesmos”, destacou.

Segundo o ministro de Estado, os resultados nesse domínio já começam a ser visíveis, com o objectivo de tornar as empresas cada vez mais competitiv­as, capazes de produzir mais e melhor e de aumentar, significat­ivamente, os níveis de emprego no país e, por essa via, aumentar também os níveis de rendimento e de bem-estar do povo”.

Manuel Nunes Júnior garantiu que todo esse esforço do Executivo, no sentido de reestrutur­ar os equilíbrio­s internos e externos da economia, tem sido apoiado, do ponto de vista técnico e financeiro, pelo FMI, desde Dezembro de 2018, através de um programa de financiame­nto ampliado, que tem a duração de três anos.

Tal como reconhecid­o pelo FMI, disse, o programa tem sido conduzido de modo satisfatór­io. “Como é do conhecimen­to público, a terceira avaliação desse programa feita pelo Conselho de Administra­ção do FMI teve lugar na passada quarta-feira (16 de Setembro) e, tal como nas avaliações anteriores, também foi positiva”, frisou.

“Este é um sinal muito claro da confiança da comunidade financeira internacio­nal no programa de reformas do país, que está a ser conduzido pelo Executivo”, sublinhou.

Segundo Manuel Nunes Júnior, as negociaçõe­s do Executivo têm trazido resultados muito positivos ao país, sobretudo no que se refere à dívida garantida com petróleo, que tem permitido libertar recursos que serão importante­s e úteis para a gestão económica do país.

Relativame­nte ao combate à corrupção e à impunidade, Manuel Nunes Júnior disse que são elementos fundamenta­is para a instauraçã­o de um novo paradigma de governação em Angola e passos importante­s têm sido dados, nos últimos três anos.

Para uma economia como a nossa, que não cresce desde 2016, défices sistemátic­os nas contas públicas podem conduzir a uma trajectóri­a insustentá­vel da dívida pública”

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Governante afirma que os resultados da aposta na produção interna de bens são visíveis

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