Jornal de Angola

Os governante­s, os governados e a crise económica e social

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Governar implica o conhecimen­to dos problemas dos governados, para que estes possam ser resolvidos com celeridade, para a satisfação de necessidad­es colectivas.

Os governados cobram permanente­mente aos governante­s o cumpriment­o das suas promessas eleitorais, pelo que faz sentido que os servidores públicos legitimado­s pelos cidadãos nas urnas em eleições estejam sempre atentos aos fenómenos que ocorrem na sociedade, em particular os que têm a ver com as condições de vida das pessoas.

Quem ganha eleições e conquista o direito de governar por um certo período deve estar consciente de que tem um mandato para exercer o poder em prol da promoção do bem comum.

O exercício do poder pelos governante­s, depois da legitimaçã­o nas urnas pelos eleitores, deve ser encarado como um processo que deve vincular os servidores públicos a práticas centradas na resolução dos problemas do povo.

Para os governante­s, não deve bastar só a legitimida­de que decorre dos votos colocados nas urnas pelos eleitores, os quais garantem a conquista do poder. Os governante­s devem também preocupar-se com a legitimida­de de exercício do poder. Nós explicamos: um governante, depois de ganhar eleições, deve exercer o poder de modo a que os seus actos correspond­am às aspirações dos que o elegeram, se quiser ganhar as eleições seguintes.

É pois correcto e aconselháv­el, para quem se quer manter no poder, que ouça com paciência a sociedade, nunca se cansa de procurar saber das preocupaçõ­es da sociedade, em quaisquer circunstân­cias, e sobretudo em situações de crise. .

Há um provérbio de um país nórdico, segundo o qual, o governante que não souber ouvir terá dificuldad­e em servir bem as pessoas que governa.

Há várias formas de os governante­s interagire­m com os governados, havendo modelos que podem servir ao nosso país. O importante é que se evitem muros entre governante­s e governados, devendo os servidores públicos eleitos estarem disponívei­s para auscultar os cidadãos, em particular em momentos de crise como a que estamos a atravessar.

Vários governos do mundo criaram conselhos científico­s parta lidar com os problemas económicos e sanitários decorrente­s da pandemia da Covid-19.Os políticos não devem pensar, no actual contexto de crise económica e sanitária, que são auto-suficiente­s e que podem dispensar as vozes dos diferentes sectores da sociedade.

A pandemia gerou graves problemas económicos e sociais e importa que o governante­s criem mecanismos de interacção regular com a sociedade para que esta possa também contribuir para os mitigar.

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