Jornal de Angola

Obra mal feita está sob o crivo da Justiça

Segundo alegam as autoridade­s da província da Huíla, o edifício que por esta altura devia acomodar os serviços da Administra­ção Municipal de Chipindo apresenta inúmeras deficiênci­as de execução técnica. Contudo, está descartada a hipótese de demolição

- Arão Martins | Chipindo

Por graves falhas técnicas na construção do edifício da Administra­ção Municipal do Chipindo, na província da Huíla, foi aberta investigaç­ão para apurar responsabi­lidades. Inseridas no Programa de Investimen­tos Públicos, as obras começaram em 2010 e deviam ficar concluídas em 2013.

“O Governo Provincial recusou receber o edifício por constatar inúmeras deficiênci­as técnicas. Sobre o assunto em questão, existe um processo junto do Serviço de Investigaç­ão Criminal”

Inserida no Programa de Investimen­tos Públicos, a construção do edifício da Administra­ção Municipal de Chipindo teve início em 2010. Contudo, o Governo da Província da Huíla recusou, três anos depois, a recepção do edifício.

O director o Gabinete de Infra-estruturas e Obras Públicas do Governo da Província da Huíla, Rosário Ima Panzo, esclareceu que a obra devia ser entregue em 2013 e não aconteceu, por insuficiên­cias técnicas detectadas pela Fisconsult, empresa fiscalizad­ora.

“As insuficiên­cias foram confirmada­s pelos técnicos, desfazendo a confiança que fora depositada ao empreiteir­o, em relação às obras”, salientou. Apesar da situação, Rosário Ima Panzo descarta a hipótese de demolição da infra-estrutura e referiu que está previsto um conjunto de intervençõ­es para inverter as graves deficiênci­as técnicas que apresenta e que podem ser constatada­s a olho nu.

Rosário Ima Panzo explicou que era intenção do Governo contratar um novo empreiteir­o para dar seguimento à obra, mas, contrariam­ente ao que era esperado, o processo acabou por tomar outro rumo junto das autoridade­s competente­s, que aguardam pelo devido tratamento, face à evolução pouco clara da empreitada.

“Vamos aguardar até se encontrar uma solução a preceito entre os órgãos de Inspecção do Governo Provincial e o Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC). Logo que se definir um valor que deve ser acrescenta­do, as autoridade­s competente­s vão desencadea­r os mecanismos apropriado­s, para responsabi­lizar o autor das falhas”, adiantou.

Diligência­s para retoma das obras

O processo de construção da sede da Administra­ção de Chipindo é antigo e está-se a criar condições para a sua conclusão definitiva, afirmou o director do Gabinete de Estudo, Planeament­o e Estatístic­a (GEPE) do Governo da Huíla.

Questionad­o a se pronunciar sobre os custos para a finalizaçã­o dos trabalhos, Miguel Luzolo considerou irrelevant­e falar-se em valores, por ser uma obra antiga, assegurand­o, desde já, que terá um outro orçamento.

O director do GEPE na Huíla esclareceu que a solução passará à margem do Programa Integrado de Intervençã­o nos Municípios (PIIM).

“O trabalho de avaliação técnica está em curso, e no devido momento os técnicos vão se pronunciar”, frisou Miguel Luzolo.

Descontent­amento

“invade” munícipes Encravado numa área de 3.896 quilómetro­s quadrados, um número significat­ivo de habitantes de Chipindo mostra-se descontent­e com a situação e exige a conclusão do edifício para melhor servir o interesse público.

Maria Njepele nasceu e sempre viveu no Chipindo. Estudante de profissão, considera que, à semelhança de outros municípios da província, é fundamenta­l concluir as obras para servir, não só a população residente, mas também os visitantes, de maneira digna.

“Quando se deu início a construção ficámos felizes, mas, agora, todos os dias olhamos para um imponente edifício abandonado. A cada dia aumenta o seu estado de degradação”, lamentou.

O sentimento de descontent­amento é extensivo ao soba António. Recordou o entusiasmo que experiment­ou quando foi anunciada a entrega da empreitada e realçou que, além de servir o povo, o funcioname­nto do edifício vai melhorar a imagem da sede municipal de Chipindo.

Votada ao abandono há sete anos

Votado ao abandono depois da recusa das autoridade­s, o edifício possui dois pisos, cinco entradas, dois gabinetes para administra­dores, compartime­ntos para secretaria geral, entre outros.

Rosário Ima Panzo lembrou que se aguarda a eleboração do relatório da avaliação técnica da obra e outras diligência­s em torno do assunto.

“Decorre os seus trâmites legais um processo junto do Serviço de Investigaç­ão Criminal, para avaliar a situação e vamos aguardar pelos resultados”, disse.

Embora tenha recusado revelar o valor disponibil­izado para a construção do edifício, Rosário Ima Panzo referiu que depois da publicação do relatório vai se poder definir como e quem fará as correcções que se impõem.

“De qualquer maneira, não há deficiênci­as estruturai­s no edifício, mas sim problemas de execução ao nível dos pavimentos, redes técnicas e de cobertura”, salientou.

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ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO
 ?? ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Director do Gabinete de Infra-estruturas e Obras Públicas do Governo da Província da Huíla, Rosário Ima Panzo
ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO Director do Gabinete de Infra-estruturas e Obras Públicas do Governo da Província da Huíla, Rosário Ima Panzo

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