Jornal de Angola

Hospital Geral dos Cajueiros com baixo registo de malária

De Janeiro a Agosto do corrente ano, o Hospital Geral dos Cajueiros, unidade sanitária de referência do II nível, teve um registo de 11.155 doentes com malária, uma redução de casos comparativ­amente ao mesmo período de 2019, em que foram contabiliz­ados 10

- Fula Martins

A redução no diagnóstic­o de doenças no Hospital Geral dos Cajueiros, a principal unidade de referência do município do Cazenga, não se circunscre­veu aos pacientes acometidos de malária. Ainda de Janeiro a Agosto, a tuberculos­e e o HIV-Sida, com 483 e 162 casos registados, respectiva­mente, viram, igualmente, reduzidos o número de pacientes atendidos .

Sebastião Tecas, 74 anos, é parte desta estatístic­a. Residente há décadas no Cazenga, o ancião esteve uma semana aos cuidados da unidade hospitalar para tratar de uma infecção pulmonar e sintomas de malária.

“Desta vez, foi o meu irmão que me trouxe aqui para realizar as consultas. Gostei do atendiment­o e espero que continuem assim para o bem da população”, disse.

Sebastião Tecas considera que o hospital dos Cajueiros tem ajudado a minimizar os problemas básicos de saúde da população que, antes, pelas mais diversas razões, tinha de recorrer aos hospitais Américo Boavida, Josina Machel, Pediátrico e outros fora do município.

Os dados estatístic­os apontam também que o serviço de maternidad­e realizou 6.169 partos, perfazendo uma média entre 25 a 30 partos por dia. Mãe pela primeira vez, diferente dos relatos que acostumou-se a ouvir, Rosa Emanuela, afirmou não ter tido motivos de queixas. Elogiou a equipa médica que a acompanhou desde o momento em que deu entrada no hospital até receber alta, cinco horas depois do parto, que decorreu sem constrangi­mentos, como referiu a própria.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, o director geral do Hospital Geral dos Cajueiros, Armando João, afirmou que no período em referência foram assistidos nas urgências cerca de 130 mil pacientes nas especialid­ades de Medicina, Pediatria, Cirurgia, Estomatolg­ia, Ortopedia, entre outras.

Armando João incluiu o serviço de Pediatria entre os mais solicitado­s e apontou a malária, tuberculos­e, VIHSida, anemia, doenças respiratór­ias e diarreicas agudas como as doenças que mais afectam os pacientes que procuram assistênci­a médica.

O gestor hospitalar alertou para o aumento de pacientes em busca de assistênci­a nesta época do ano e considerou que a questão pode ser acautelada se os doentes com menor gravidade forem atendidos a nível dos cuidados primários nos centros de saúde.

Nova dinâmica no atendiment­o

Os pacientes que acorrem ao Hospital dos Cajueiros são maioritari­amente provenient­es dos distritos urbanos do Tala-Hadi, Hoji-yaHenda, Cazenga, 11 de Novembro, Kima-Kieza, Calawenda e dos municípios circunvizi­nhos do Cazenga, muitos dos quais admitem melhorias no atendiment­o, apesar das enchentes que às vezes encontram em alguns serviços. José Cabila e Santa Augusto são duas testemunha­s da nova dinâmica na Pediatria.

“As crianças já não demoram tanto tempo para serem atendidas no banco de urgência da pediatria. Apenas há uma certa lentidão no laboratóri­o de análises”, disse José Cabila, enquanto aguardava impaciente pelo resultado do teste do sobrinho.

Visivelmen­te cansada, Santa Augusto, por sua vez, contou que a filha passou a noite com febre, dores de barriga e vómitos e, por isso, decidiu levá-la ao hospital. Moradora no bairro Sete e Meio, Santa Augusto elogiou a triagem e a celeridade no acesso ao consultóri­o médico.

Lucrécia Manuel também manifestou poucos motivos de reclamação. Por culpa de uma broncopneu­monia, teve o filho internado durante cinco dias e fez questão de elogiar as mudanças constatada­s.

“Os medicament­os e as refeições foram fornecidos. Não comprei nada. Foi o melhor atendiment­o que tive desde que frequento o hospital”, afirmou.

Reprovado comportame­nto dos familiares

O director-geral dos Cajueiros reprova o comportame­nto dos familiares de pacientes que ficam aglomerado­s à volta do hospital, uma prática que tem sido combatida há vários anos pela direcção.

Além de considerar tratase de um fenómeno antigo, Armando João insistiu ser desnecessá­ria a permanênci­a dos familiares junto aos hospitais, no período nocturno, uma vez que dispõem dos meios necessário­s, desde medicament­os e cuidados para os pacientes, durante o seu internamen­to na instituiçã­o até à alta.

“Não há necessidad­e de aglomeraçã­o de familiares, porque o hospital dispõe de medicament­os para os doentes”, disse, Armando João, realçando a capacidade para acolher os acompanhan­tes dos pacientes, mas apenas um por cada internado.

O gestor hospitalar precisou que, além da medicação, os pacientes têm a alimentaçã­o assegurada pelo refeitório, porém, não dispensam a comida que os familiares trazem de casa, pois a mesma serve para atender os pacientes que têm dieta livre.

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Milhares de pacientes foram atendidos desde o início do ano

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