Hospitais carecem de meios de prevenção
Nas principais unidades sanitárias do município do Uíge registam-se carências de materiais de biossegurança para a protecção dos técnicos, funcionários administrativos e de apoio e para os utentes que acorrem ao mesmo em busca de assistência sanitária, apurou, ontem, a reportagem do Jornal de Angola.
O director do Hospital Municipal do Uíge (HMU), Diassonama Paulo, disse que aquela unidade hospitalar está, há já alguns dias, com um stock muito reduzido de batas, máscaras e tocas descartáveis, materiais indispensáveis para a protecção dos técnicos nas actividades diárias.
As pequenas quantidades existentes, disse, estão a ser utilizadas apenas nas intervenções cirúrgicas, enquanto em outras dependências os médicos e enfermeiros usam as batas convencionais de pano. Sublinhou que mensalmente as necessidades de materiais de biossegurança descartáveis estão estimadas em 800 batas, igual número de máscaras faciais e tocas para cobrir o cabelo sem quantificar as luvas de látex.
“A carência de material de biossegurança é uma situação que se pode constatar em muitas unidades sanitárias da periferia da cidade ou do município e que o Hospital Municipal do Uíge não faz diferença. Mensalmente são necessárias mais de 800 batas, 800 tocas e 800 máscaras descartáveis. Quanto às luvas o problema é maior, tendo em conta a troca das mesmas depois de cada doente manuseado”, referiu.
Diassonama Paulo, aponta a falta de fornecedores locais com reservas suficientes para poderem socorrer as unidades sanitárias em tempo oportuno quando notem ruptura de estoques. A situação é preocupante, tendo em conta a pandemia da Covid-19 registada no país há seis meses.
“A falta de fornecedores locais que consigam resolver a situação da carência de batas descartáveis em tempo oportuno está a nos deixar de mãos atadas sem saber o que fazer, por se tratar de equipamentos de uso obrigatório diariamente pelos médicos, enfermeiros, pessoal administrativo e de apoio hospitalar”, lamentou.
Situação idêntica se regista nos centros de saúde dos bairros Candombe Novo e Kilala. Os técnicos ficam sem saber o que fazer. Cumprir as regras de biossegurança ou deixar de atender os utentes, tendo em conta a falta de batas, máscaras, luvas e tocas descartáveis.
Quibonza Filipe, responsável pelo Programa Alargado de Vacinação (PAV) do Centro Materno Infantil do bairro Candombe Novo, avançou que a maior preocupação dos técnicos prende-se com a insuficiência de álcool em gel, batas e tocas descartáveis. O centro com capacidade para 10 camas de internamento atende diariamente mais de 45 doentes entre adultos e crianças com diversos diagnósticos, provenientes dos bairros circunvizinhos como Mongualhema, Caquiúia, Sonangol, Kimakungo, Quijima e outros.
“Os poucos materiais de biossegurança que recebemos no início do mês, como álcool em gel, detergentes, sabão, luvas, máscaras e outros já estão esgotados. Precisamos do reforço de mais equipamentos para melhor atendermos os doentes que vêm aqui em consultas ou tratamento médico”, disse o chefe do Programa Alargado de Vacinação do Centro Materno Infantil do bairro Candombe Novo.
“Se ninguém está permitido a circular ou ir à unidade sanitária sem usar a máscara facial a cobrir devidamente o queixo, boca e nariz, lavar as mãos constantemente ou usar álcool em gel sempre que for necessário, como fica um técnico de saúde trabalhar ser material de biossegurança”, questionou Garcia Ndongala, responsável do centro de saúde do bairro Kilala que acrescentou que “a situação está a criar embaraços aos técnicos da unidade sanitária que devem estar equipados antes de entrar em contacto com qualquer doente”.