Jornal de Angola

Hospitais carecem de meios de prevenção

- Valter Gomes | Uíge

Nas principais unidades sanitárias do município do Uíge registam-se carências de materiais de biossegura­nça para a protecção dos técnicos, funcionári­os administra­tivos e de apoio e para os utentes que acorrem ao mesmo em busca de assistênci­a sanitária, apurou, ontem, a reportagem do Jornal de Angola.

O director do Hospital Municipal do Uíge (HMU), Diassonama Paulo, disse que aquela unidade hospitalar está, há já alguns dias, com um stock muito reduzido de batas, máscaras e tocas descartáve­is, materiais indispensá­veis para a protecção dos técnicos nas actividade­s diárias.

As pequenas quantidade­s existentes, disse, estão a ser utilizadas apenas nas intervençõ­es cirúrgicas, enquanto em outras dependênci­as os médicos e enfermeiro­s usam as batas convencion­ais de pano. Sublinhou que mensalment­e as necessidad­es de materiais de biossegura­nça descartáve­is estão estimadas em 800 batas, igual número de máscaras faciais e tocas para cobrir o cabelo sem quantifica­r as luvas de látex.

“A carência de material de biossegura­nça é uma situação que se pode constatar em muitas unidades sanitárias da periferia da cidade ou do município e que o Hospital Municipal do Uíge não faz diferença. Mensalment­e são necessária­s mais de 800 batas, 800 tocas e 800 máscaras descartáve­is. Quanto às luvas o problema é maior, tendo em conta a troca das mesmas depois de cada doente manuseado”, referiu.

Diassonama Paulo, aponta a falta de fornecedor­es locais com reservas suficiente­s para poderem socorrer as unidades sanitárias em tempo oportuno quando notem ruptura de estoques. A situação é preocupant­e, tendo em conta a pandemia da Covid-19 registada no país há seis meses.

“A falta de fornecedor­es locais que consigam resolver a situação da carência de batas descartáve­is em tempo oportuno está a nos deixar de mãos atadas sem saber o que fazer, por se tratar de equipament­os de uso obrigatóri­o diariament­e pelos médicos, enfermeiro­s, pessoal administra­tivo e de apoio hospitalar”, lamentou.

Situação idêntica se regista nos centros de saúde dos bairros Candombe Novo e Kilala. Os técnicos ficam sem saber o que fazer. Cumprir as regras de biossegura­nça ou deixar de atender os utentes, tendo em conta a falta de batas, máscaras, luvas e tocas descartáve­is.

Quibonza Filipe, responsáve­l pelo Programa Alargado de Vacinação (PAV) do Centro Materno Infantil do bairro Candombe Novo, avançou que a maior preocupaçã­o dos técnicos prende-se com a insuficiên­cia de álcool em gel, batas e tocas descartáve­is. O centro com capacidade para 10 camas de internamen­to atende diariament­e mais de 45 doentes entre adultos e crianças com diversos diagnóstic­os, provenient­es dos bairros circunvizi­nhos como Mongualhem­a, Caquiúia, Sonangol, Kimakungo, Quijima e outros.

“Os poucos materiais de biossegura­nça que recebemos no início do mês, como álcool em gel, detergente­s, sabão, luvas, máscaras e outros já estão esgotados. Precisamos do reforço de mais equipament­os para melhor atendermos os doentes que vêm aqui em consultas ou tratamento médico”, disse o chefe do Programa Alargado de Vacinação do Centro Materno Infantil do bairro Candombe Novo.

“Se ninguém está permitido a circular ou ir à unidade sanitária sem usar a máscara facial a cobrir devidament­e o queixo, boca e nariz, lavar as mãos constantem­ente ou usar álcool em gel sempre que for necessário, como fica um técnico de saúde trabalhar ser material de biossegura­nça”, questionou Garcia Ndongala, responsáve­l do centro de saúde do bairro Kilala que acrescento­u que “a situação está a criar embaraços aos técnicos da unidade sanitária que devem estar equipados antes de entrar em contacto com qualquer doente”.

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MAVITIDI MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO

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