O desabafo de Joana Lina
em Luanda desabafou, recentemente, em público, ao referir-se aos problemas da província que “está a ser muito difícil” resolvê-los, mas, como lhe compete, prometeu empenho para irem deixando de ser.
Joana Lina, que falava numa iniciativa promovida pelo MPLA, do qual é militante, dirigia-se maioritariamente, como é óbvio, a correligionários, mas o desabafo é, de certeza, reflexo do que ouve como governadora provincial da parte de alguns dos que mais sofrem as consequências da postura dos que lhes antecederam nos cargos que agora exerce.
O desabafo - sem lamúrias - de Joana Lina não tinha razão de ser se Luanda tivesse tido a atenção que merecia e não teve ao longo dos últimos tempos. Na melhor das hipóteses, ignoraram-na, deixaram-na “ao deus dará”, permitindo que pequenas feridas passassem a enormes chagas que mais sobressaem nesta fase, na qual o combate à Covd-19 requer armas que ela já teve e não tem.
As árvores que lhe tem sido tiradas , as que sobram e não são tratadas, as lagoas da chuva que se repetem anos após ano, as lixeiras a céu aberto, os contentores de lixo sem tampas, num convite a cães e gatos vadios, ratos e baratas, aos que neles procuram latas e plásticos como ganha-pão, pior, àqueles que os vasculham para encontrar algo para matarem a fome. Estes são apenas alguns dos cenários de Luanda nos quais nascem doenças, como a Covi-19 e o paludismo. E as chuvas, cumprindo um ciclo normal, não tardam.
O luandense comum entende o desabafo de Joana Lina, mas espera que, apesar de ser “muito difícil” solucionar problemas amontoados ao longo de décadas, consiga, para já, atenuá-los para que o legado a deixar a quem lhe suceder não seja tão mau como aquele que recebeu.