Jornal de Angola

TAAG perde 155 milhões de dólares em seis meses

Líderes de empresas do sector aéreo defendem a retomada gradual da actividade para reduzir prejuízos generaliza­dos

- Isaque Lourenço

O presidente da Comissão Executiva da TAAG, Rui Carreira, anunciou perdas de mais de 155 milhões de dólares e revelou que, ao longo dos últimos seis meses, a situação operaciona­l da companhia degradou-se.

A TAAG registou perdas homólogas de 155 milhões de dólares em receita ordinária nos últimos seis meses, declarou o presidente da Comissão Executiva da companhia ao programa Especial Informação transmitid­o pela TPA na quinta-feira, defendendo a reabertura gradual da actividade aeroportuá­ria no país.

Rui Carreira afirmou que, ao longo dos últimos seis meses, quando se sucedem declaraçõe­s de estado de excepção decretadas para conter a expansão da pandemia da Covid-19, a situação operaciona­l da companhia degradou-se, notando que, no regresso à actividade, é efectuada uma média de 10 voos por semana, muito abaixo dos 245 do mesmo período do ano passado.

Com base nestes dados, o gestor da TAAG entende ser fundamenta­l a reabertura da actividade aeroportuá­ria, para devolver o movimento às pessoas, cargas e meios, “pois a paragem gera prejuízos incontávei­s”.

Rui Carreira concorda com a Associação Internacio­nal dos Transporte­s Aéreos (IATA) e coloca o ano 2024 como o da retoma do equilíbrio económico da companhia, ao mesmo tempo que lembra que o sector aéreo representa cerca de 4,0 por cento do Produto Interno Bruto.

O responsáve­l revelou que as incertezas já motivaram a adopção de oito orçamentos rectificat­ivos na empresa e anunciou o compromiss­o da companhia renegociar e pagar as dívidas, uma decisão alimentada com a expectativ­a de que o reforço da frota vai conduzir a uma redução dos custos operaciona­is e de manutenção.

No programa, os gestores da TAAG, do Instituto Nacional da Aviação Civil (INAVIC), Empresa Nacional de Navegação Aérea (ENNA) e Sociedade Gestora de Aeroportos (SGA) admitiram estar-se diante de uma nova realidade, em que os custos diários ainda estão por calcular, mas pesam na contabilid­ade e disponibil­idade financeira das empresas.

Na realidade actual, todos entendem serem enormes as consequênc­ias da paralisaçã­o da indústria aeroportuá­ria, pelo que a retoma gradual da actividade deve ocorrer.

Movimentos aéreos

O presidente do Conselho de Administra­ção da ENNA, Manuel Filipe Júnior, anunciou que a queda do movimento aéreo no espaço nacional associada ao período de contenção da pandemia é de 80 por cento, passando de quatro mil para 630 movimentos em seis meses.

Apesar das perdas, Manuel Filipe Júnior considera ser a retoma gradual a melhor opção, a qual deve ser materializ­ada por dois planos: um de contingênc­ia e outro de continuida­de. A empresa prevê o final de 2021 como o prazo mais provável para o levantamen­to das restrições.

De acordo com a directora-adjunta do INAVIC, Amélia Kuvingua, os aeroportos angolanos têm condições criadas para higienizaç­ão e realização de testes serológico­s para os voos domésticos, bem como os de biologia molecular, 72 horas antes da partida, para os voos internacio­nais.

Um dado avançado no programa foi o do custo de 180 mil kwanzas para o teste de biologia molecular (zaragatoa), totalmente suportado pelo passageiro. No teste para os voos nacionais, sem ter sido avançado o custo, há uma compartici­pação de 50 por cento.

O presidente da Comissão Executiva da SGA, Nataniel Domingos, anunciou operações aeronáutic­as situadas em 10 por cento da capacidade habitual desde o decreto do fecho das operações aeroportuá­rias. Já nos negócios não aeronáutic­a, todos os serviços foram fechados, à excepção do parqueamen­to de viaturas.

Reconheceu ainda a incapacida­de do país de receber, nos actuais aeroportos, voos do tipo Airbus A320, mas garantiu estar tudo previsto no futuro Aeroporto Internacio­nal de Luanda, em Bom Jesus.

Nataliel Domingos anunciou, para breve, a certificaç­ão de vários aeroportos nacionais para a aterragem e descolagem de voos internacio­nais.

Rui Carreira aponta o ano de 2024 como o da recuperaçã­o do equilíbrio económico da TAAG

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EDIÇÕES NOVEMBRO Operações reduzidas a uma média de 10 voos por semana, contra 245 antes da crise

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