Caminhada difícil, mas digna
Há três anos, Angola demonstrava à África e ao mundo que a democracia tinha chegado para fazer parte da vida das pessoas e das instituições, com a histórica tomada de posse do Presidente João Lourenço, no Memorial António Agostinho Neto, em Luanda. Iniciava-se, assim, um mandato carregado de desafios monumentais porque, como se comprova ainda até hoje, o passivo de perto de quatro décadas de governação, independentemente de tudo, é consideravelmente significativo. Além da parte positiva, que havia também, obviamente, eventualmente passível de ser melhorada e preservada, grande parte dos males herdados e por corrigir não se efectivaria em três anos. E para os corrigir depende não apenas do Executivo, mas de todos os cidadãos porque como avisou, no discurso de tomada de posse, há três anos, a participação de todos é condição sine qua non para o sucesso da governação.
“Nenhuma governação será bem sucedida sem o diálogo aberto com as diferentes forças sociais. Por essa razão, vamos apostar numa maior aproximação aos sindicatos e às ordens profissionais, às organizações não-governamentais e a alguns grupos de pressão, enquanto parceiros do Executivo”, disse o Chefe de Estado, tendo prometido, durante a referida intervenção, que “vou procurar auscultar os diferentes estratos da população e os vários grupos organizados da sociedade civil, pois só assim poderemos executar com êxito a acção governativa. Apelamos, pois, ao apoio de todos nesta difícil caminhada”.
Todos são chamados a participar porque está em causa o sucesso da governação de Angola, o bem-estar das populações, a necessidade de melhorar o dia-a-dia de todos e transformar Angola num país bom para cada um de nós, de Cabinda ao Cunene.
Houve e ainda continua a existir uma grande expectativa em torno da chegada ao poder do Presidente João Lourenço porque, para a grande maioria da população angolana, era urgente recomeçar, renovar esperança e engajar a todos para “melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”. Vale dizer que, nesta caminhada, seria natural alguma impaciência por parte de segmentos da população que pretendiam e pretendem ver já corrigidos males que se perpetuaram ao longo de décadas.
Trata-se de um processo que, naturalmente, vai exigir a todos os níveis tempo, paciência, engajamento e a determinação de cada um de nós para efectivarmos as metas a que nos propusemos hoje.
Como disse o Presidente, ainda no discurso de tomada de posse, “são enormes os desafios que temos pela frente, de modo a conduzirmos com êxito os destinos do nosso país” e, embora surjam percalços no caminho, a caminhada continua a ser digna atendendo aos feitos alcançados. A moralização da sociedade é dos maiores trunfos que temos para combater práticas que “danificaram” profundamente o tecido social, subverteram o funcionamento das instituições, moldaram o comportamento das pessoas e fizeram o país, em muitos aspectos, regredir significativamente.
É verdade que a conjuntura social, económica e até sanitária, motivada pela Covid-19, “atrapalha” a materialização de numerosas iniciativas e políticas, mas os esforços que estão a ser feitos servem, precisamente, para a “amortecer” e mitigar os efeitos. Nada está perdido, sobretudo se cada angolano e angolana acreditar que, mesmo com dificuldades, a caminhada está a ser digna.