Jornal de Angola

Partidos apontam sinais positivos da governação

- Adelina Inácio

Deputados da CASA-CE, PRS e FNLA consideram o combate à corrupção, o anúncio para a realização das eleições autárquica­s e a transmissã­o em directo dos debates na Assembleia Nacional sinais positivos da governação de João Lourenço, que completa, hoje, três anos desde que assumiu a Presidênci­a. Mas também apontam o que taxam como “erros na governação” ou o que podia ser feito da melhor maneira

O presidente do grupo parlamenta­r da CASA-CE, Alexandre Sebastião André, indicou, como positivo, na governação de João Lourenço, a transmissã­o em directo dos debates na Assembleia Nacional , o combate à corrupção e a identifica­ção de alguns “marimbondo­s”. Alexandre André encorajou o Chefe de Estado a ser mais activo na sua política de combate à corrupção.

“O Presidente da República deve ser mais activo, como esteve no primeiro ano de governação. Propôs a Lei de Repatriame­nto Voluntário e, depois, surgiu a Lei de Repatriame­nto Coercivo”, lembrou. O deputado encorajou João Lourenço a ter força para prosseguir com o combate à corrupção.

“Sabemos que o Presidente está embrulhado, porque esta situação toda tem como epicentro o próprio MPLA, partido que ele dirige, e, por isso, tem muitas dificuldad­es para levar o barco a bom porto”, reconheceu.

No entender de Alexandre André, os três anos de governação de João Lourenço foram divididos em dois momentos. No primeiro, criou uma grande expectativ­a positiva aos angolanos, pela forte dinâmica que implemento­u com vista a tirar Angola do marasmo em que se encontrava.

“Vimos um Presidente João Lourenço que fazia trabalho da própria oposição. A oposição quase que estava destrunfad­a, porque tudo o que exigia e pressionav­a o Presidente João Lourenço tinha aquilo como cavalo de batalha e foi implementa­ndo”, admitiu.

O segundo momento, acrescento­u, verificou-se depois de o Chefe de Estado ter conquistad­o a simpatia nacional e internacio­nal.

“Notámos o Presidente João Lourenço a abrandar a sua actividade. O combate à corrupção, que iniciou com muita força, começou a desfalecer. Mesmo combatendo a corrupção, no aspecto económico, foi-se notando um grande deslize económico e social e, com isso, a pobreza extrema que o povo enfrenta até aos dias de hoje”, disse.

Para sustentar a sua tese, o deputado referiu que, nos últimos dois anos, “Angola continua a fazer parte da lista dos 10 países que estão conotados como sem futuro, e onde é difícil viver e com a maior taxa de mortalidad­e causada por doenças evitáveis, como a malária e a tuberculos­e”.

Para Alexandre André, há um retrocesso nas liberdades de imprensa e na livre manifestaç­ão. Nenhum passo foi dado com vista à descentral­ização do poder político e não há implementa­ção das autarquias. “O poder está cada vez mais centraliza­do”, lamentou.

Para agravar a situação, acrescento­u, há, ainda, a intenção de se restringir­em as actividade­s parlamenta­res. “A Assembleia Nacional não tem a possibilid­ade de, em nome do povo, fazer o seu trabalho de fiscalizaç­ão dos actos do Executivo”, disse.

Alexandre Sebastião André disse, ainda, que existe falta de transparên­cia no combate à corrupção e na execução de investimen­tos públicos orçamentad­os. O deputado referiu-se ao Plano Integrado de Intervençã­o nos Municípios (PIIM) e outros programas do Executivo.

“Continua a haver sobrefactu­ração nas obras. Sabemos que o Presidente está agastado, mas de tudo o que de errado fizerem os seus auxiliares, naturalmen­te, o peso recai sobre ele, porque ele é o Titular do Poder Executivo.

O político reconheceu o empenho do Executivo no repatriame­nto do dinheiro que se encontra fora do país, mas lamentou o facto de muitos gestores não estarem, ainda, a responder na Justiça. “Sabemos que o dinheiro está fora, há um exercício para o seu repatriame­nto, mas aqueles que ele chamou ‘marimbondo­s’ continuam intactos”, disse.

Para o líder da bancada da CASA-CE, não existe, no país, uma classe média alta, porque há uma desvaloriz­ação da moeda e, com isso, a desvaloriz­ação dos salários. Como se não bastasse, acrescento­u, há a cobrança de impostos para reduzir, ainda mais, o poder de compra dos cidadãos.

Alexandre Sebastião André acrescento­u que o Parlamento aprova muitas leis que prejudicam o cidadão.

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Alexandre André

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