CEDEAO analisa hipótese de levantamento de sanções
A CEDEAO, comunidade que está a mediar o processo de transição política no Mali, admite a possibilidade de a qualquer momento levantar as sanções que havia imposto para pressionar a transição do actual poder militar para a esfera civil
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) deverá analisar a qualquer altura o levantamento das sanções impostas ao Mali na sequência de um golpe militar em 18 de Agosto que afastou o então Presidente, Ibrahim Boubacar Keita, noticiou, ontem, a AFP, citando uma fonte da referida organização, em Bamako, depois da tomada de posse no Presidente de transição, Bah Ndaw.
Na quarta-feira, o enviado da CEDEAO ao Mali, o antigo Chefe de Estado da Nigéria, Goodluck Jonathan, afirmou que a organização pretende tomar uma decisão rápida e que cabe ao Presidente do Ghana, Nana Akufo-Addo, na qualidade de presidente rotativo desta organização regional, fazer um anúncio.
“Penso que ele provavelmente tomará a decisão após a investidura”, disse Jonathan, então citado pela agência France Press, referindo-se à tomada de posse de Bah Ndaw, um antigo soldado, para a Presidência do país durante o período de transição.
A CEDEAO tinha condicionado o levantamento das sanções, pedindo uma rápida nomeação de dois civis para os cargosdePresidenteePrimeiroMinistro durante o período de transição,tendoaceitadoacondição de civil Bah Ndaw.
De acordo com o plano de transição adoptado pela Junta Militar, Bah Ndaw, 70 anos, deverá agora nomear um Primeiro-Ministro, ao passo que o líder da junta, o coronel Assimi Goita, deverá ser empossado como Vice-Presidente interino.
Em 20 de Agosto, os líderes dos Estados-membros da CEDEAO realizaram uma cimeira extraordinária virtual durante a qual decidiram impor sanções ao Mali sob a forma de um embargo comercial parcial - no qual estavam excluídos produtos essenciais, como medicamentos, petróleo e electricidade - depois de um golpe militar contra o então Presidente, Ibrahim Boubacar Keita, dois dias antes.
Entre as sanções, que têm sido utilizadas como uma ferramenta para as negociações, está também o encerramento das fronteiras dos 15 Estados-membros da CEDEAO com o Mali. Antigo PrimeiroMinistro (1994-2000), Ibrahim Boubacar Keita, 75 anos, foi eleito Chefe de Estado em 2013, e renovou o mandato de cinco anos em 2018.
Independente desde 1960, o Mali viveu, em 18 de Agosto, o quarto golpe militar na sua história, depois dos episódios ocorridos em 1968, 1991 e em 2012. A CEDEAO é composta por Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo.
Soldados mortos em ataque terrorista
O Ministério maliano da Defesa e Antigos Combatentes condenou, ontem, com firmeza o “ataque terrorista cobarde” ocorrido quintafeira contra uma patrulha das Forças Armadas Malianas (FAMA) em Boulkessi, na província de Mopti, no centro do Mali, noticiou a Panapress, citando fonte oficial.
Deste ataque resultou a morte de três soldados e ferimentos de quatro, além de cerca de 15 feridos do lado dos supostos terroristas, indica um comunicado transmitido à Panapress pelo Ministério maliano da Defesa e Antigos Combatentes.
A instituição saudou, por outro lado, “a bravura e a determinação dos corajosos soldados que se bateram para repelirem o inimigo e manterem a sua posição”, e encorajou as Forças Armadas Malianas a perseverarem na missão de defesa e segurança de pessoas e bens.
“Nesta dolorosa circunstância, o Ministério da Defesa e Antigos Combatentes apresentou as condolências às famílias enlutadas e desejou rápidas melhoras aos feridos”, refere o comunicado.
Desde 2019, a localidade de Boulkessi é alvo de ataques terroristas, responsáveis pela morte de várias dezenas de civis, de militares, bem como pela deslocação de centenas de pessoas.